sexta-feira, 27 de junho de 2014

MACARIO

Título Original: Macario
Diretor: Roberto Gavaldón
Ano: 1960
País de Origem: México
Duração: 91min

Sinopse: O pobre e faminto camponês Macario sente saudades de uma boa refeição. Então, no Dia de Finados, promete só voltar a comer quando conseguir um peru. Quando Macario consegue seu peru recebe a visita de três espíritos: o Diabo, Deus e a Morte. Cada um quer dividir o peru com Macario, mas ele só oferece a comida a Morte. Como recompensa, a Morte dá a ele uma garrafa de água capaz de curar qualquer doença. Logo Macario está ajudando a curar toda a cidade, isso desperta a atenção da população e, mais que isso, leva Macario a uma verdadeira inquisição.

Comentário: O filme é maravilhoso, muito bem construído e com cenas que não deixam nada a desejar para O Sétimo Selo de Bergman. O foco em mostrar as diferenças de classes é a base de todo o filme: a crítica social de um povo que passa fome enquanto outros esbanjam comida. O filme teve uma merecida indicação ao Oscar como melhor filme estrangeiro. Só não tem uma nota maior por causa do desfecho que não me agradou. Não que seja um final ruim, mas ficou um gosto azedo na boca, faltou um algo mais.


O BELO ANTÔNIO

Título Original: Il Bell' Antonio
Diretor: Mauro Bolognini
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 98min

Sinopse: Mastroianni estrela este belíssimo dirigido por Mauro Bolognini, com roteiro inteligente baseado no romance de Vitaliano Brancati. As mulheres se apaixonam pelo belo e vistoso Antônio, porque imaginam que ele seja o "amante ideal", mas na realidade ele é impotente. Ele se casa com Bárbara, uma jovem rica, que só descobre a verdade sobre Antônio depois do casamento.

Comentário: Um ótimo filme, não me lembro de ver uma atuação tão boa de Mastroiani. Um papel complexo, completamente oposto aos habituais dele, onde faz pinta de galã comedor. O filme é um tapa na cara da sociedade italiana machista (ok, toda sociedade é machista, mas a italiana parece agravar em alguns aspectos na minha opinião de vez em quando). O pai de Antônio é um escroto e tem horas que dá vontade de socar a cara dele. Mastroiani está tão bem que chega a dar dó, de verdade, dele. A cena em que ele conta seu problema para o primo Eduardo é de partir o coração. Claudia Cardinale sempre estonteante, mas um pouco apagada no papel de garotinha ingênua.


quinta-feira, 26 de junho de 2014

13 FANTASMAS

Título Original: 13 Ghosts
Diretor: William Castle
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 82min

Sinopse: Ao morrer, o recluso Dr. Zorba deixou uma mansão assustadora para seu sobrinho, Cyrus Zorba (Donald Woods), que atravessa uma grave crise financeira. Com a sua família Cyrus se muda a mansão. Eles também herdam uma coleção de 12 fantasmas, que só podem ser vistos através de óculos especiais. Os membros da família colocam então suas vidas em risco, para descobrir em qual local da casa o Dr. Zorba escondeu sua fortuna, mas parece que algo ou alguém quer evitar que Cyrus e sua família não consigam realizar este objetivo. Quem será o próximo a morrer? Quem será o 13º fantasma?

Comentário: Não assisti ao remake que fizeram em 2001, mas este filme é bem mediano. Furos no roteiro, personagens mal trabalhados, talvez pelo tempo curto do filme ou por preguiça do roteirista. Tem vários fantasmas, mas só tem destaque uns 4, pra que ter vários então? Podia se chamar os 5 Fantasmas, ou os 6 fantasmas que estava de bom tamanho. O filme até que entretém, só recomendo pra quem for fã do gênero mesmo. George Corman e Mario Bava faziam filmes muito superiores na mesma época com o mesmo gênero de filme. Algumas pessoas tendem a dizer "Os efeitos são bons para a época". Aí é que se enganam, não é porque o filme é de 1960 que os efeitos especiais são toscos. Filmes como Dr. Mabuse, O Jogador (1922) e O Testamento de Dr. Mabuse (1933), por exemplo, são muito mais antigos e usam efeitos muito semelhantes e muito superiores que o que vemos aqui. Portanto os efeitos especiais deste são toscos sim, mesmo para 1960.


COM SANGUE SE ESCREVE A HISTÓRIA / A BATALHA DE AUSTERLITZ

Título Original: Austerlitz
Diretor: Abel Gance
Ano: 1960
País de Origem: França
Duração: 163min

Sinopse: Mais uma das aventuras de Napoleão Bonaparte é mostrada neste épico do diretor Abel Gance, que reconstrói neste filme a célebre batalha de Auterlitz. Nela, Napoleão obteve a mais grandiosa vitória de sua carreira militar.

Comentário: O título Com Sangue Se Escreve a História foi como o filme foi lançado no Brasil primeiramente, hoje é possível achar por aí com o título A Batalha de Austerlitz que já era um subtítulo da primeira versão. O filme é muito bem feito, ponto mais que positivo para a preocupação com os idiomas: os russos falando russo e os ingleses falando em inglês. Se fosse um filme americano, acho que todos falariam inglês mesmo, e que se foda a globalização.  O ponto mais alto do filme é a atuação de Pierre Mondy interpretando Bonaparte, ele está perfeito, dá um verdadeiro show durante o filme. Digo até que neste filme Mondy está no mesmo nível de Daniel Day Lewis interpretando o Linc... "Qualquer Coisa", afinal o Day Lewis fica excelente interpretando qualquer coisa mesmo. Não é um filme fácil já que apresenta apenas uma parte da vida de Napoleão Bonaparte, se algum desavisado começar a assistir pode ficar meio perdido. O filme é demorado e cansa bastante, só recomendo pra quem gostar de filmes históricos.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

OS DEFORMADOS

Título Original: Kyonetsu No Kisetsu
Diretor: Koreyoshi Kurahara
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 75min

Sinopse: Um deliquente juvenil apaixonado por jazz, sai em uma série de crimes, em sua grande parte direcionados à namorada do jornalista que o denunciou antes. Comparado à 'Acossado' de Godard, Os Deformados é considerada a obra-prima do diretor Koreyoshi Kurahara.

Comentário: O filme é bom e é ruim. Agrada e desagrada. É raso e é profundo. Não existe um título em português para este filme, é conhecido pelo título em inglês (The Warped Ones), preferi traduzir o título para colocar no blog. Os Deformados remete a deformidade psicológica dos personagens, que vão se deteriorando aos poucos frente aos seus dramas durante o filme. Comparar a Acossado do Godard é um tremendo exagero na minha opinião, talvez se levarmos em conta só a direção de Koreyoshi Kurahara, daí tudo bem.... é ótimoa! O restante do filme falta muito pra ser comparado ao excelente filme francês. As interpretações são forçadas demais, e apesar de ter diálogos muito bons em determinados momentos, não é uma constante como em Acossado com seus diálogos curtos e profundos que cortam como navalhas. Só mesmo conferindo pra se ter uma opinião. Eu achei o personagem principal um tremendo pé no saco, que tornou bastante cansativo a experiência de assistir ao filme.


AUDAZES E MALDITOS

Título Original: Sergeant Rutledge
Diretor: John Ford
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 111min

Sinopse: É um dos primeiros filmes de faroeste no qual o racismo é o ponto de reflexão. Um oficial negro é acusado do assassinato do comandante e de sua filha e tenta provar sua inocência mesmo após ser perseguido.

Comentário: Um faroeste do mestre John Ford bem diferente. Aqui vemos o tema racismo ser bem abordado, nos anos 60 isto estava em alta nos filmes de Hollywood (assim como também personagens femininas fortes indo contra o machismo que imperava). Preconceito é sempre um dos meus temas preferidos em filmes, acho que porque é uma das coisas que mais me enojam. O filme se passa em um tribunal, a ação se passa toda em flashback. Jeffrey Hunter está na sua melhor atuação da vida, pelo menos dos filmes que eu assisti com ele, é realmente uma pena o que aconteceu com ele, cair de uma escada de três degraus e morrer de repente no auge da fama... diria que era uma das carreiras mais promissoras do seu tempo. Willis Bouchey, que fez vários filmes com Ford, no papel do juíz dá uma certa leveza ao filme. Woody Strode, do filme Spartacus, interpreta o sargento negro sem cair em pieguices ou apelações. Não é dos mais famosos do Ford, mas digo que foi um dos que mais gostei!


terça-feira, 24 de junho de 2014

A DOCE VIDA

Título Original: La Dolce Vita
Diretor: Federico Fellini
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 174min

Sinopse: Roma, início dos anos 60. O jornalista Marcello (Marcello Mastroianni) vive entre as celebridades, ricos e fotógrafos que lotam a badalada Via Veneto. Neste mundo marcado por um vazio existencial, frequenta festas, conhece os tipos mais extravagantes e descobre um novo sentido para a vida.

Comentário: A sinopse não faz nenhum sentido para o que realmente é este filme. Não é um filme simples, é complexo até demais, e como é longo, algum desavisado pode ficar entediado e não gostar. É um filme para ser digerido aos poucos, pra ficar pensando durante dias, procurando significados. Foi daqui que surgiu inclusive o nome "Oráculo Alcoólico" para o blog, porque ao meu ver, é um filme que tem muitos símbolos e toda a essência do cinema. Chega a ser profético em muitas passagens. O emburrecimento da sociedade, uma crítica ferrenha ao espetáculo sensacionalista, a mídia, a religião e muito mais culminando na falta absoluta do diálogo, da compreensão, do entendimento. É tanta coisa pra se comentar que fica difícil escrever aqui sobre este filme sem o estragar pra quem ainda não assistiu. Pra mim é um dos melhores já feitos quando falamos de "cinema arte", mas pra quem não está habituado com este tipo de filme, ou mesmo não assistiu outros filmes do Fellini, pode ser que o filme pareça superestimado demais.


O TESTAMENTO DE ORFEU

Título Original: Le Testament d'Orphée
Diretor: Jean Cocteau
Ano: 1960
País de Origem: França
Duração: 80min

Sinopse: Em seu último filme, o lendário escritor, artista e cineasta Jean Cocteau retrata um poeta do século dezoito que viaja através do tempo em busca da sabedoria divina. Em um misterioso lugar, ele encontra diversos fantasmas simbólicos que trazem sua morte e ressurreição. Com um elenco eclético, que inclui Jean-Pierre Léaud, Pablo Picasso e Yul Brynner, Testamento de Orfeu traz a exploração do torturante relacionamento entre o artista e suas criações.

Comentário: Não conhecia Jean Cocteau, fiquei interessado por este filme quando assisti Acossado, tem uma parte que comentam sobre ele. O filme é foda demais! Devo ter deixado passar várias coisas, mas não tira a grandiosidade da obra. Aquele começo do Poeta preso no espaço-tempo é magnífico! A máquina de engolir autógrafos foi uma das coisas mais belas e bizarras que já vi no cinema. Tem partes bem complicadas de assistir, seu cérebro fica querendo pegar toda informação que vem da tela e quase funde. Quero ver todos os outros filmes dele, um artista-cineasta que provavelmente serviu de inspiração para nomes como Federico Fellini e David Lynch e que deveria ser muito mais reconhecido do que é hoje.


segunda-feira, 23 de junho de 2014

A ALDEIA DOS AMALDIÇOADOS

Título Original: Village Of The Damned
Diretor: Wolf Rilla
Ano: 1960
País de Origem: Inglaterra
Duração: 77min

Sinopse: Em uma pequena cidade da Inglaterra todas as pessoas, de forma inexplicável, desmaiam por algumas horas. Dois meses depois do acontecido todas as mulheres com possibilidade de ter filhos ficam grávidas. Quando as crianças nascem elas se revelam extremamente inteligentes e com traços desconhecidos da raça humana, sugerindo serem alienígenas.

Comentário: Eu já tinha assistido o remake dirigido pelo John Carpenter que chama A Cidade dos Amaldiçoados aqui no Brasil, mas preferi esta versão original. O filme é curto e grosso, vai direto ao ponto sem rodeios. Os personagens acabam não tendo tanto tempo para serem construídos muito bem, mas em contrapartida o filme é dinâmico e as coisas vão acontecendo desenfreadamente. George Sanders está muito bem no papel, mas nunca tinha reparado como ele parece uma mistura entre os atores John Wayne e Patrick Bauchau. As crianças são esquisitas e assustadoras, convencem muito bem como abominações que são. A direção é boa e a produção é modesta, um filme suspense/terror datado (sem perder seu charme) pra quem é fã do gênero.

HOMEM MAU DORME BEM

Título Original: Warui Yatsu Hodo Yuku Nemuru
Diretor: Akira Kurosawa
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 151min

Sinopse: Uma história que remete a "Hamlet" de Shakespeare. No Japão do pós-guerra, um jovem tenta se utilizar de sua posição no coração de uma grande corporação corrupta para expor os homens responsáveis pela morte de seu pai. No dia de seu casamento, vários rumores e comentários circulam entre os presentes, que cinco anos antes, o pai de Nishi morreu após cair de uma janela de um andar do edifício da empresa. Muitos duvidam de um suicídio. Nishi tentará investigar sobre um possível assassinato.

Comentário: Um Kurosawa muito bom, o tempo de duração pode parecer grande, mas achei que o filme passa super rápido, é dinâmico e muito bem construído. A música de Masaru Satô casa como uma luva no filme. O elenco, os conflitos dos personagens e a construção dos mesmos são meticulosamente orquestrados por Kurosawa. Toshirô Mifune e Masayuki Mori interpretam perfeitamente seus respectivos papeis. O desfecho é bem diferente, aparentemente ou você ama ou você odeia, mas creio que a genialidade do filme mora exatamente aí. O final te deixa pensando sobre durante dias, e eu gostei bastante disso.


sexta-feira, 20 de junho de 2014

O PASSADO NÃO PERDOA

Título Original: The Unforgiven
Diretor: John Huston
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 116min

Sinopse: Conta a história de Rachel Zachary, garota adotada por uma família de brancos e com sangue indígena. Quando sua origem é revelada, ela acaba sofrendo uma reação violenta e sua tribo tenta raptá-la.

Comentário: Adorei! É o outro lado da moeda em relação ao filme Rastros de Ódio (Um dos meus preferidos), com pontos mais altos e pontos mais baixos em relação ao clássico de John Ford. John Huston é um diretor muito foda, este foi o primeiro filme que assisti dele. Lancaster está muito bem no papel (ele ganhou o Oscar pelo filme Entre Deus e o Pecado que fez neste mesmo ano), Hepburn tem horas que convence como uma indígena, tem horas que não, mas nada que atrapalhe o desenrolar da história. O ponto alto é a coerência pelo fato de Rachel querer ficar entre os "brancos" já que foi criada entre eles, em Rastros de Ódio não temos esta mesma linha de raciocínio.


O SOL POR TESTEMUNHA

Título Original: Plein Soleil
Diretor: René Clément
Ano: 1960
País de Origem: França
Duração: 112min

Sinopse: O amoral Tom Ripley (Alain Delon) aceita de um rico industrial a missão de trazer de volta para casa, seu filho Philippe (Maurice Ronet), que vive com a namorada Marge (Marie Laforêt), na paradisíaca Riviera Italiana. Frio e calculista, Ripley se aproxima de Philippe, tornando-se seu melhor amigo. É o início de um plano diabólico. Com direção precisa de René Clément e música de Nino Rota, O Sol por Testemunha é um eletrizante filme noir "invertido", em que o sol sufocante toma o lugar das sombras da noite.

Comentário:  Tom Ripley é um personagem de literatura baseado nos livros escritos pela Patricia Highsmith, que já foi adaptado para o cinema em cinco filmes, esta foi sua primeira encarnação nas telas. Eu prefiro o remake com o Matt Damon. A direção deste é muito boa, a música nem se fala, mas não acho que o Alain Delon convenceu como Ripley. Ele é bonitão demais, não tem aquele ar travado e tímido que beira ao esquisito do Matt Damon. Os personagens americanos falando francês inclusive entre eles me parece que tinha algo errado. Nada que atrapalhe o filme, lógico. O desenrolar é praticamente o mesmo. O desfecho é diferente do remake, mas não deixa de ser tão bom quanto.


quarta-feira, 18 de junho de 2014

ADUA E SUAS COMPANHEIRAS

Título Original: Adua e Le Compagne
Diretor: Antonio Pietrangeli
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 120min

Sinopse: Um clássico do cinema italiano dirigido pelo talentoso Antonio Pietrangeli e estrelado pelos astros Marcello Mastroianni, Simone Signoret e Emmanuelle Riva. Roma, 1958. Uma nova lei determina o fechamento dos bordéis da cidade e as prostitutas Adua, Lolita, Milly e Marilina precisam tomar um novo rumo na vida. Juntas, elas decidem abrir uma trattoria na periferia. Com roteiro co-escrito por Ettore Scola e sob a influência do Neo-Realismo, Pietrangeli realizou uma pequena obra-prima repleta de ternura e humanismo.

Comentário: O filme é muito bom, de certo modo é um tapa na cara da sociedade em vários aspectos. Emmanuelle Riva e Sandra Milo roubam a cena de Simone Signoret fácil. Achei a Adua meio apagada no filme, o que é estranho, já que é a protagonista. O filme tem um ritmo muito inconstante, hora ele é engraçadinho, hora é denso, hora é leve, hora é pesado... não que isto atrapalhe, mas fica um gostinho de "faltou alguma coisa". O desfecho não me agradou nem um pouco, não que não seja bom, mas eu particularmente não gostei. Pra quem gosta dos filmes do neo-realismo italiano, principalmente das obras de Vittorio De Sica que lembra muito este filme, é recomendadíssimo.


O IMPRESTÁVEL / VOLÚPIA PERIGOSA

Título Original: Rokudenashi
Diretor: Yoshishige Yoshida
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 78min

Sinopse: A secretária Ikuko Makino é alvo de brincadeiras de mau gosto por parte do filho do chefe e dos seus amigos, um grupo de jovens rebeldes que fazem de tudo para matar o tédio. Apesar dessa relação conflituosa, Makino se apaixona por Jun, um dos rapazes do grupo, a quem chama de "imprestável". Primeiro filme do diretor Yoshishige Yoshida.

Comentário: Um ótimo filme japonês, não conheço a obra do Yoshishige Yoshida, mas com certeza verei outros filmes. O comportamento do Jun chega a encher o saco em algumas partes, vc fica esperando alguma coisa diferente... que não vem. O filme é muito similar em certo aspecto ao Acossado de Jean-Luc Godard, não sei até que ponto esta similaridade é coincidência ou não. O Imprestável estreou exatos quatro meses depois de Acossado. Esta geração perdida do pós guerra foi muito bem retratada aqui, um filme muito superior a vários outros filmes japoneses que retratam o mesmo assunto.


terça-feira, 17 de junho de 2014

RIO VIOLENTO

Título Original: Wild River
Diretor: Elia Kazan
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 110min

Sinopse: Tentando evitar mais perdas de vidas em virtudes das cheias do rio Tennessee, o Congresso dos Estados Unidos em 18 de maio de 1933 criou um novo órgão chamado Tennessee Valley Authority, ou TVA, e o autorizou a construir diversas barragens ao longo do rio. Ao mesmo tempo o TVA teve que comprar toda a terra às margens do rio e todas as ilhas de seu curso, mas algumas pessoas vivem nessas terras há gerações e algumas delas se recusam a vendê-las sob qualquer pretexto. Chuck Glover (Montgomery Clift) é um administrador da TVA que recebe a incumbência de supervisionar a construção de uma represa no rio Tennessee. Chuck tem sérios problemas com a população local, que não aceita que ele contrate trabalhadores negros. Sua principal tarefa é tentar convencer Ella Garth (Jo Van Fleet), uma velha senhora, em vender sua propriedade em um ilha do rio. Politicamente a desapropriação é desaconselhável, pois alguns senadores não aceitam tal medida. Paralelamente Chuck tem um envolvimento com Carol Garth Baldwin (Lee Remick), a neta viúva de Ella.

Comentário:  É preciso separar Elia Kazan como pessoa e sua obra cinematográfica. Como pessoa eu realmente não gosto dele, mas como cineasta sou um grande admirador de seus filmes, este não foge a regra. Os personagens são muito bem trabalhados, todos tem seus objetivos, seus conflitos. Não existe certo ou errado, o que já torna minha implicância com o diretor bem subjetiva. A personagem de Jo Van Fleet é a mais complexa, suas raízes e sua teimosia brinca com o espectador o tempo todo. Um toque na ferida com relação a racismo pra parecer politicamente correto nos anos 60 só agrega valor ao filme. Mas é o romance entre os personagens principais que acabam levando o filme entre a ternura e a aflição, por se tratar de uma paixão bem atribulada, que parece fadada ao fracasso. Não é o melhor do Kazan, mas pra um diretor de primeira grandeza, já faz deste um filme obrigatório.


ESTRELA ENCOBERTA DE NUVENS

Título Original: Meghe Dhaka Tara
Diretor: Ritwik Ghatak
Ano: 1960
País de Origem: Índia
Duração: 134min

Sinopse: Conta a trágica história de uma bonita filha de uma família de classe média refugiada do Paquistão, vivendo nos suburbios de Calcutá em condições modestas. Neeta sacrifica tudo por sua família, seu dinheiro, sua felicidade pessoal, sua saúde, enquanto seu esforço raramente é reconhecido por aqueles que estão a sua volta.

Comentário:  A única coisa que realmente me incomodou no filme é sua duração, achei ele demorado demais para a história que pretendia contar. Podiam cortar uns vinte minutos fácil do filme para deixá-lo fluir melhor. O filme é modesto, conta muito bem a história que propõe a contar. A relação de Neeta e seu irmão Shankar foi o que mais me entreteve durante todo o filme. Anil Chatterjee, que faz o papel de Shankar, está ótimo, rouba as cenas em que aparece (Não sei se é ele cantando mesmo, deve ser, canta muito bem). É um filme angustiante, principalmente para nossa cultura tão diferente. Recomendado para quem curte um cinema indiano com um ritmo um pouco diferente do qual estamos acostumados.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

PSICOSE

Título Original: Psycho
Diretor: Alfred Hitchcock
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 109min

Sinopse: Marion Crane, rouba a firma em que trabalha e foge para recomeçar sua vida. Uma tempestade a faz parar num hotel de beira de estrada, onde é recebida pelo estranho, porém afável, Norman Bates, que cuida do lugar. Quando Marion, desaparece, sua irmã e o amante decidem investigar.

Comentário: Difícil falar de um clássico como o Psicose. Primeiramente, ele não figura entre meus filmes favoritos do Hitchcock, mas também não figura entre os piores. O que mais chama a atenção é exatamente a direção, que esta sim está entre as melhores do mestre do suspense. As cenas são como pinceladas em uma tela molhada de sangue. Vários momentos do filme podem parecer clichê hoje, mas naquele ano de 1960 deve ter tirado espectadores do seu acento no cinema de nervoso. Perkins está fantástico como Bates, pra quem já assistiu sabe que eu nem preciso falar. A mudança de ritmo depois da cena do chuveiro foi uma tacada de mestre. A única coisa que eu não gosto, na verdade odeio, é que depois que o filme praticamente acaba surge um sujeito explicando tudo como se fosse um desenho do Scoby Doo, tratando o espectador como um idiota que não sabe pensar. Uma cena desnecessária, por mais que tentem não conseguiram fazer de Psicose só mais um filminho comercial hollywoodiano. Pensei em dar nota 9 de tanto que esta explicação sem necessidade me irrita, mas o filme merece um 10.


OS MIL OLHOS DO DR. MABUSE

Título Original: Die 1000 Augen des Dr. Mabuse
Diretor: Fritz Lang
Ano: 1960
País de Origem: Alemanha
Duração: 100min

Sinopse: Mabuse regressa para destruir o mundo de vez. Através de uma rede de televisão, Mabuse vigia os clientes de um hotel luxuoso com o objetivo maléfico de rouba-los e mata-los. O milionário Trevors e a Interpol se unem então para captura-lo. Último filme de Fritz Lang e também da série Dr. Mabuse. Depois do êxito obtido na Alemanha com os filmes "O Tigre de Bengala" e "O Sepulcro Indiano", o produtor Artur Brauner, responsável pelo retorno de Lang à Alemanha, convidou-o a filmar um "remake" do "O Testamento do Dr. Mabuse". Em contra proposta, Lang sugeriu uma nova variação sobre ele, retratando-o na Alemanha do final da década de 1950, como foram os outros da série, cada um no seu período.

Comentário: Este filme é o terceiro da trilogia do Dr. Mabuse realizada por Fritz Lang. O primeiro filme, "Dr. Mabuse, O Jogador", de 1922 é o melhor deles. O segundo, O Testamento do Dr. Mabuse, de 1933 é o mais fraco, fazendo deste o intermediário. Apesar do final muito rápido, o filme se desenvolve muito bem, a ideia de fazer mistério sobre a identidade do Dr Mabuse foi uma bela jogada. Os vários personagens muito bem construídos remete um pouco ao primeiro filme, onde víamos mais personagens em torno da história. Ver uma Alemanha pós-guerra e uma certa perpetuação da figura icônica de Mabuse foi muito legal, a ideia de Lang em fazer um Mabuse quase que imortal, passando de pessoa pra pessoa seguindo seu testamento, foi um golpe de mestre. Fico pensando por onde andará o Mabuse de hoje? Teria sido o Nazismo seu "Império do Crime" ou aquilo foi só o começo?


sexta-feira, 13 de junho de 2014

A MALDIÇÃO DO DEMÔNIO / A MÁSCARA DE SATÃ

Título Original: La Maschera Del Demonio
Diretor: Mario Bava
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 77min

Sinopse: Na Idade Média, a princesa Ada (Steele), acusada de bruxaria e práticas de vampirismo, é condenada a uma morte terrível: inquisidores cruéis cravam em sua face uma máscara amaldiçoada repleta de lâminas pontiagudas (a máscara do demônio, naturalmente). Mas antes que eles o façam, a bruxa ameaça a todos e promete voltar para se vingar e dar continuidade a seu legado de sangue e horror... E ela voltará...

Comentário: Este filme teve dois títulos de lançamento no Brasil, "A Maldição do Demônio" e "A Máscara de Satã"... o engraçado é que se misturasse os dois títulos ficava igual ao original "A Máscara do Demônio", coisas de tradutores. Outra coisa bizarra sobre o filme é que alguns filmes italianos nesta época eram filmados com atores de várias nacionalidades, que atuavam em seus respectivos idiomas, ou seja, o áudio original é em inglês mesmo, com dublagens que nem sempre eram dos atores. Neste filme, por exemplo, a voz da Barbara Steele nem é a voz dela mesma. Dificilmente você vai achar este filme com um áudio original, porque ele nem existe. O filme é muito bom, com um clima bem sombrio. Em nenhum momento ele cai no pastelão ou fica tosco. Tem uma direção muito boa e interpretações justas. Pra quem curte um filme de horror é a melhor pedida. Se fossem fazer um remake tinham que pegar o Danny Trejo para o papel do Javutich.

AS NOIVAS DO VAMPIRO

Título Original: The Brides of Dracula
Diretor: Terence Fisher
Ano: 1960
País de Origem: Inglaterra
Duração: 85min

Sinopse: Marianne Danielle está viajando pelo Leste Europeu a fim de assumir o cargo de professora de francês em uma escola para moças na Transilvânia, agora livre da ameaça do Conde Drácula. Ela não é muito bem recebida pelos locais e acaba sendo acomodada no castelo da Baronesa Meinster, onde conhece o filho da nobre, que vive acorrentado. Com pena do jovem, Marianne decide libertá-lo sem desconfiar que ele é um vampiro. Para sorte dela, o Doutor Van Helsing está por perto e promete por fim à vida de mais esse ser das trevas.

Comentário: Uma sequência de Vampiro da Noite, aquele que o Christopher Lee fazia o Drácula. Peter Cushing volta ao papel de Van Helsing para enfrentar outro vampiro depois de ter derrotado o Drácula. O filme é bem mediano, mas não é porque é datado. Tem alguns furos no roteiro e algumas cenas ficaram forçadas. Vale a pena pra quem for fã do gênero. A Queda da Casa de Usher do Roger Corman e A Máscara de Satã do Mario Bava, que são do mesmo ano, são melhores. O que salva o filme é o Peter Cushing que está, como sempre, fantástico!


quarta-feira, 11 de junho de 2014

INOCENTES CHARMOSOS

Título Original: Niewinni Czarodzieje
Diretor: Andrzej Wajda
Ano: 1960
País de Origem: Polônia
Duração: 83min

Sinopse: Dirigido pelo premiadíssimo Diretor Polonês Andrzej Wajda, este filme conta a história de um jovem médico que encontra uma mulher, no momento em que ele não sabia mais o que desejar da vida. O médico é bonito e atraente, o bastante para ter as mulheres o tempo todo aos seus pés, o que parece ser um grande problema para a maioria dos homens, encontrar uma companhia, para ele não era. Entretanto, quando encontra uma bela e inteligente jovem, que a princípio parece diferente de todas as mulheres que havia conhecido, algo está prestes a mudar em sua vida... ou não.

Comentário:  Segundo filme que eu assisto do Andrzej Wajda e relato que preciso assistir todos os outros.... é um diretor brilhante! É um filme diferente, não chega a ser tão bom quanto Antes do Amanhecer, mas é muito parecido até certo ponto. O forte do filme são os diálogos e todo o desenrolar que é extremamente real. Tem algumas partes que dá uma travada, parece que o filme não tem mais nada para te acrescentar, mas é aí que mora a genialidade, pois o filme fica mais real (quem nunca perdeu o rumo no meio de um diálogo?). Recomendo.


BRUMA SECA

Título Original: Bruma Seca
Diretor: Mário Civelli
Ano: 1960
País de Origem: Brasil
Duração: 96min

Sinopse: Um Executivo (Mario Brasini) herda um garimpo de ouro na selva e vai conhecê-lo acompanhado da esposa (Maria Dilnah). Só é possível chegar lá do avião bimotor, pilotado por João Querido (Luigi Picchi), nessa época do ano, uma bruma seca encobre a selva, tornando a viagem perigosa.

Comentário: O filme é mais ou menos, mas tinha um potencial para ser muito melhor. O mais interessante é ver o personagem de Brasini ser a contraparte do telespectador e dos outros personagens, mas até isso foi mal utilizado. João Querido é uma espécie de herói na região, mas a paixão que rola entre ele e a personagem de Maria Dilnah, além de extremamente desnecessário para a trama, ficou muito forçado. É um filme bem mediano, não chega a ser bom, mas também não chega a ser ruim. Outro filme brasileiro com má qualidade de conservação, é preciso fazer algo rápido para assegurarmos nossa arte para futuros telespectadores.


terça-feira, 10 de junho de 2014

A QUEDA DA CASA DE USHER

Título Original: House Of Usher
Diretor: Roger Corman
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 79min

Sinopse: Baseado em uma história de Edgar Allan Poe, o filme narra a história de Philip Winthrop (Mark Damon), que chega à mansão Usher com o intuito de levar sua amada, Madeline (Myrna Fahey), para a sua cidade. Chegando lá ele confronta-se com o irmão dela, Roderick (Vincent Price), que vai revelando, um a um, os aterrorizantes segredos de sua família.

Comentário: Este filme foi lançado com o título O Solar Maldito anteriormente aqui no Brasil. Não li este conto do Poe, então não posso comparar a película com a literatura, mas gostei do filme no geral, meio melodramático demais, tem aquele ar teatral que tira um pouco a realidade dos acontecimentos  e acaba gerando uma atmosfera artificial. A direção de Corman e a atuação de Price estão excelentes, como sempre, mas Mark Damon já não me convenceu tanto como o herói galanteador que tentou interpretar. Menção honrosa para os quadros da família Usher, queria qualquer um deles para mim, deram um toque fascinante para o filme.


ENTRE AMIGAS / MULHERES FÁCEIS

Título Original: Les Bonnes Femmes
Diretor: Claude Chabrol
Ano: 1960
País de Origem: França
Duração: 92min

Sinopse: A história de quatro amigas à procura de amor e felicidade. Rita é noiva de um homem da alta sociedade. Ginette tem uma paixão secreta, com encontros misteriosos toda noite. Jane namora um militar e o trai com outros homens, e Jacqueline está aparentemente sozinha, apesar do misterioso ciclista que a segue constantemente.

Comentário: O filme aqui no Brasil teve dois títulos, Entre Amigas, que acho muito mais correto para o filme e Mulheres Fáceis, que acho extremamente machista e estúpido.  O filme é muito bom, personagens legais, chatos, obscuros, estranhos... enfim.... a vida real retratada de forma muito competente na tela! Bernadette Lafont vai ser sempre uma das minha musas preferidas do cinema Francês, e neste não foge a regra, está deslumbrante. O final me surpreendeu, não sei se me desceu bem, mas não é de todo ruim. Um filme com um toque feminista, acho que o cara que deu o segundo título aqui no Brasil não assistiu ou não entendeu muito bem. Mulheres e seus anseios, mulheres e seus assuntos, mulheres e seus medos, mulheres e mulheres. A única coisa que atrapalhou foi que só consegui uma cópia com legendas fixas em inglês e as legendas em português sobrepostas, mas deu pra assistir.


segunda-feira, 9 de junho de 2014

JUVENTUDE DESENFREADA

Título Original: Seishun Zankoku Monogatari
Diretor: Nagisa Ôshima
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 96min

Sinopse: Dois jovens se conhecem e iniciam uma relação amorosa conturbada. Para ganharem algum dinheiro começam a cometer armações que podem os levar a ruína.

Comentário: Este é um dos três filmes que Ôshima realizou no ano de 1960, ano este, extremamente prolífico pro diretor. Tem pontos que acho este muito melhor que O Túmulo do Sol, e pontos que acho muito pior, ou seja, os filmes se empatam (ainda não assisti ao Noite e Neblina no Japão). Pra mim é um filme sobre a paixão, porque de amor o filme não tem nada. Kiyoshi é um escroto que trata Makoto que nem lixo... são raras as exceções em que ele trata ela bem. O filme é muito bem dirigido e tem um ritmo muito bom, mas o final decepciona (ao contrário de O Túmulo do Sol, que tem um início chato e vai melhorando até o desfecho). Parece que o diretor não quis trabalhar o fato dos personagens terem que encarar que não se amavam e escolheu um atalho pra um final mais fácil.