quarta-feira, 30 de julho de 2014

A MORTE COMANDA O CANGAÇO

Título Original: A Morte Comanda o Cangaço
Diretores: Carlos Coimbra & Walter Guimarães Motta
Ano: 1961
País de Origem: Brasil
Duração: 99min

Sinopse: Em 1929 o Nordeste Brasileiro, vive um clima de agitação e violência. O cangaceiro Silvério é o apadrinhado do Coronel Nésinho, o todo poderoso da região. A fama sinistra de Silvério e seu bando domina e assombra os humildes habitantes de Serra Azul, nos sertões cearenses. Raimundo Vieira, pacato fazendeiro, vive com sua mãe num grande rancho, onde vive da criação de gado. Negando-se a dar dinheiro aos bandidos, vê suas terras invadidas por Silvério e seu bando. Sua mãe é assassinada covardemente e Raimundo, ferido, é dado como morto. Após o massacre jura vingança. Passa a organizar então um grupo para lutar contra os bandidos.

Comentário: A Morte Comanda o Cangaço é um típico filme de faroeste que foi sucesso de público e crítica, sendo até escolhido para concorrer na lista do Oscar para melhor filme estrangeiro. O cangaço brasileiro tem um material vasto pra se fazer filmes no estilo "faroeste americano", nunca entendi porque não fizeram mais filmes neste estilo. O filme em si não tem nada demais, uma história clichê e atuações não muito convincentes. Milton Ribeiro, que interpreta o cangaceiro Silvério, não atua bem, mas dá um ar meio cômico ao bandido que ficou engraçado (não sei se foi proposital, mas dei boas risadas com ele). O ponto negativo é a aparição muito rápida da minha musa Lyris Castellani, podiam ter dado mais espaço a personagem dela.


A VOLTA AO MUNDO PRÉ-HISTÓRICO

Título Original: Dinosaurus!
Diretor: Irvin S. Yeaworth Jr.
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 83min

Sinopse: Após uma explosão submarina perto das ilhas do Caribe, são encontrados congelados dois dinossauros (um Tiranossauro e um Brontossauro) e um homem de Neanderthal. Após serem atigindos por um raio voltam a vida, atacando a população da ilha e ameaçando a vida dos habitantes.

Comentário: O filme é tosco, a história é tosca e os personagens são estereotipados em um nível tosco, mas o filme consegue divertir se estiver procurando não pensar em nada. Em alguns momentos parece que eu estava assistindo uma adaptação daquele desenho Dino Boy do estúdio Hanna-Barbera e tem uma sequência que lembra o ataque do Tiranossauro Rex no filme Parque dos Dinossauros do Spielberg. O destaque do filme fica mesmo com Gregg Martell, que interpreta de maneira engraçada e muito competente um homem das cavernas, as cenas com ele fazem o filme valer a pena. Esqueci de comentar que os efeitos especiais são toscos também.


terça-feira, 29 de julho de 2014

TERRA BRUTA

Título Original: Two Rode Together
Diretor: John Ford
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 109min

Sinopse: Pela primeira vez o lendário realizador de Westerns, John Ford une-se à estrela James Stewart em Terra Bruta, que relata a história tensa e emocionante de dois homens da lei que invadem o território índio dos comanches para resgatar os reféns cativos da tribo. Este filme representa de forma cruel e realista, o confronto entre reféns e a selvajaria da sociedade "civilizada". Stewart é o xerife americano encarregado de trocar armas por reféns com os temíveis comanches. Terra Bruta é um tocante drama de ação do indiscutível mestre do gênero.

Comentário: Um papel fora do usual para o James Stewart, acostumado a interpretar sempre o "bom moço", aqui ele é um cara normal com qualidades e defeitos (Um papel do John Wayne para o John Stewart em um filme do Ford). É muito interessante ver a "humanização" dada ao índio neste filme, já que eles são retratados como inimigos selvagens dignos de levar um tiro em vários filmes de faroeste. A direção do Ford é sempre perfeita, mas é a virada ideológica na história que nos faz pensar. O filme é um contraponto muito interessante ao Rastros de Ódio (também do John Ford), que foi lançado em 1956, parece que houve uma certa evolução nos filmes de faroeste desde então, onde a dignidade do índio começou a entrar em pauta, fazendo com que este filme fique do mesmo lado da balança de O Passado Não Perdoa (do John Huston), por exemplo.


O RIO FUEFUKI

Título Original: Fuefukigawa
Diretor: Keisuke Kinoshita
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 112min

Sinopse: No período de guerras, próximo a Ponte de Fuefuki há uma casa de um pobre agricultor que vive com seu genro Hanpei e os netos Take, Hisa e Hanzo. História de 5 gerações de pai e filho que se estende por 60 anos. Baseado no romance realista de Shichiro Fukazawa.

Comentário: Um filme sobre o ciclo da violência das guerras feudais em uma família. Não sei porque, mas em alguns momentos, me lembrou Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez (Acho que devido a mostrar várias gerações, vários personagens, e que em alguns momentos você chega até a confundir quem é quem). Tem horas que o filme dá uma empacada e fica arrastado e monótono, mas no geral ele é bem interessante. Foi usado uma técnica para colocar cor em algumas cenas que ficou bem tosco, completamente desnecessário. Interessante notar que a cultura oriental é bem parecida com a ocidental no quesito "siga o líder como um animal estúpido" (e viva a Rede Globo!). O teor crítico e ácido é descarado e nisso o filme sobe muitos pontos.


segunda-feira, 28 de julho de 2014

ENTREI DE GAIATO

Título Original: Entrei de Gaiato
Diretor: J.B. Tanko
Ano: 1959
País de Origem: Brasil
Duração: 96min

Sinopse: Januário é um vigarista que, com ajuda de seus amigos igualmente trapaceiros, se hospeda no requintado Hotel Palácio, fazendo-se passar por um rico fazendeiro de cacau a fim de roubar e enganar turistas. Ananásia é uma viúva que também se torna hóspede do mesmo hotel, com quase o mesmo plano: fingir ser milionária para conseguir casar com algum "velho" endinheirado. De imediato, Januário e Ananásia começam a namorar. No entanto, as mentiras sobre suas riquezas os fazem alvos de ladrões internacionais de joias que estavam entre os hóspedes.

Comentário: O filme é bom e diverte. Zé Trindade, Dercy Gonçalves e Costinha fizeram uma excelente equipe (ainda tem o Chico Anysio como coadjuvante bem novinho). Tem momentos hilários que me fizeram rir bastante. É um filme que se passa durante o carnaval carioca, portanto ele tem a narrativa interrompida todo o momento para apresentar marchinhas. Já comentei aqui em outros filmes sobre essas comédias brasileiras desta época e a introdução de músicas ao longo do filme, acho que atrapalha muito a narrativa, funciona como um balde de água fria na história que está sendo contada. Tirando isso o filme é bem legal, bem melhor que Marido de Mulher Boa, que o Zé Trindade estrelou no ano seguinte, por exemplo.


ENTRE DEUS E O PECADO

Título Original: Elmer Gantry
Diretor: Richard Brooks
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 147min

Sinopse: Bonito, oportunista, imoral,o caixeiro viajante Elmer, quando mexe seus pauzinhos para ganhar dinheiro fácil em um "tent-show", Gantry se converte ao evangelismo. Unindo forças com a Irmã Sharon Falconer (Jean Simmons), ele realiza oratórias esplendorosas que trazem a ele fama e fortuna. Mas quando uma antiga paixão (Shirley Jones) reaparece, Gantry é forçado a confrontar seus demônios interiores como ele jamais imaginou - segredos há muito enterrados vão transformar a sua "santa" vida num verdadeiro Inferno na Terra!

Comentário: O filme pode ser de 1960, mas não poderia ser mais atual.  Burt Lancaster ganhou o Oscar pela incrível interpretação neste filme, interpretação complexa que eu acho que muita gente não entendeu. O filme é uma crítica a religião? Ao meu ver, não. O filme vai muito mais além do que dizer "religião não presta", ele te faz pensar. Elmer Gantry é humano, cheio de falhas, mas não está nem um pouco livre de sentimentos, livre do amor, do ódio e da preocupação com o próximo, acho que no começo do filme nem ele sabia disso. O filme mostra que religião é um circo, talvez na maioria das vezes, e que se você ensina violência é a violência que vai ser a forma de manifestação dessas pessoas (Basta ver o que Israel está fazendo na Palestina como prova viva disso). Na minha visão o filme eleva a religião a algo belo, mas que é deteriorado pelas pessoas por sua ganância e egoísmo. Se você já assistiu e achou que o filme é apenas uma crítica a religião, assista de novo! Se nunca assistiu, assista atentamente, ele é muito mais do que aparenta ser.


sexta-feira, 25 de julho de 2014

PISTOLEIRO BOSSA NOVA

Título Original: Pistoleiro Bossa Nova
Diretor: Victor Lima
Ano: 1959
País de Origem: Brasil
Duração: 111min

Sinopse: Dois amigos, em busca de um lugar tranqüilo para descansar, acabam encontrando uma cidade que é dominada por bandidos e um deles é confundido com o Pistoleiro Vingador, o defensor da lei. Aí a confusão está armada.

Comentário: Filme muito bom! Engraçado e divertido.... Seria um Faroeste Comédia Brasileiro?! Ankito e Grante Otelo estão perfeitos no filme, mas é Ankito que rouba a cena interpretando dois papéis (uma pena o que aconteceu com ele: sofreu um acidente em uma filmagem no ano seguinte e teve algumas habilidades motoras comprometidas, dificultando sua carreira artística). Renata Fronzi está belíssima no filme, mas parece interpretar meio amadoramente. Fato interessante é que este é um dos poucos filmes com participação de Lyris Castellani que desapareceu sem deixar vestígios em 1963, após o filme A Ilha. Caio Fernando de Abreu escreveu uma crônica intitulada "Onde andará Lyris Castellani?". Boatos dizem que ela cansou da fama e foi viver no anonimato. Era belíssima!


O IMPERADOR DOS MONGÓIS

Título Original: Mughal-E-Azam
Diretor: K. Asif
Ano: 1960
País de Origem: Índia
Duração: 176min

Sinopse: Ambientado no séc. XVI, o filme narra o lendário romance proibido entre o Príncipe Salim e a bela dançarina da corte Anarkali que, de tão intenso e fervoroso, foi capaz de travar uma guerra entre o príncipe e seu pai Akbar, o grande imperador Mongol. Um dos filmes mais caros da história do cinema indiano.

 Comentário: Eu traduzi o título do filme pro português, porque estamos no Brasil, mas ele é conhecido aqui como Mughal-E-Azam mesmo. Eu acho que não devo gostar de filmes indianos, talvez pela enorme diferença cultural que existe entre nós. O filme começa meloso, devagar e cansativo. Pra minha surpresa na metade (note que o filme tem quase três horas de duração) ele chega em um ápice e fica bem interessante e não para de crescer a partir daí. O filme se torna uma espécie de Romeu e Julieta em Tróia... algo assim. O que fez o filme cair no meu desagrado foi o final (não vou dar spoilers porque não é esta a ideia do blog), achei extremamente fraco. (Pra quem lê quadrinhos, mais especificamente SAGA, o filme parece um romance do malfadado escritor D. Oswald Heist). As músicas cansam um pouco, mas são bem bonitas em algumas sequências.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

BANDIDOS EM ORGOSOLO

Título Original: Banditi a Orgosolo
Diretor: Vittorio De Seta
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 92min

Sinopse: Conta a história de um pastor de rebanhos injustamente acusado de roubar uma ovelha e matar um soldado da polícia local. Apesar de ter consciência de sua inocência, prefere não ir à polícia contar a verdade.

Comentário: Magnifico e cruel! É daqueles filmes que você sabe que o personagem tá fazendo merda, escolhendo as piores decisões possíveis e que alguma merda vai acontecer no final. Dá nervoso! Mas mesmo sendo previsível e simples consegue te prender muito bem. O filme é poético e uma crítica contra as autoridades exacerbadas a que somos expostos de prejulgamentos por pessoas que muitas vezes não nos conhecem e nem nossas histórias. É um retrato assustador também do velho ditado "a situação faz o ladrão". Um ótimo filme do neorrealismo italiano. Uma das coisas mais interessantes do filme é que todos os atores, na verdade não são atores, e sim pastores na vida real. Vittorio De Seta fez um documentário em 1958 chamado Pastores De Orgosolo, posteriormente resolveu fazer este filme utilizando os pastores como atores, deu muito certo, os caras atuaram muito bem como eles mesmos.

CONTRA TODOS OS RISCOS / COMO FERA ENCURRALADA

Título Original: Classe Tous Risques
Diretor: Claude Sautet
Ano: 1960
País de Origem: França
Duração: 109min

Sinopse: Um criminoso tenta voltar da Itália para sua terra natal, França, clandestinamente, fugindo das autoridades. Chegando lá, percebe que seus supostos amigos não estão dispostos a ajudá-lo em seus planos.

Comentário: Um filme de fuga que me surpreendeu. Jean-Paul Belmondo deve ser o ator que mais estrelou filmes no ano de 1960, aqui ele está um pouco mais apagado (já que aparece quase na metade do filme) que em Acossado ou em Duas Almas em Suplício, por exemplo, mas está muito bem, consegue cativar o espectador como ninguém. Lino Ventura em compensação brilha com sua interpretação quase sem sentimentos, consegue expressar como seu personagem é frio e calculista sem parecer irreal. O filme é simples e muda de ritmo pelo menos três vezes ao longo do roteiro, mas é isto que segura muito bem a história. A direção é muito boa e me chamou muito a atenção, já que não conhecia o diretor. Recomendo pra quem gosta desde tipo de filme meio noir, meio nouvelle vague, meio ação e meio parado. Já foi lançado no Brasil com os dois títulos que estão acima.


quarta-feira, 23 de julho de 2014

A PRECE DO ROUXINOL

Título Original: Doa Al Karawan
Diretor: Henry Barakat
Ano: 1959
País de Origem: Egito
Duração: 118min

Sinopse: Neste trágico conto de amor e traição que se passa num bucólico e conservador vilarejo Egípcio, conheceremos a história de Amna, repleta de angústia e vingança, buscando salvar a honra de sua família. Baseado no romance do escritor egípcio Taha Hussein.

Comentário: "A culpa é sempre da presa, o caçador nunca é responsável". Com esta frase podemos expressar o quão parecido é a cultura ocidental da oriental. Tem horas que parece que não evoluímos em nada ao longo do tempo. Achei o filme um pouco cansativo, mas é muito bonito e vale muito a pena ser assistido. Acho que se existisse um prêmio para o tio mais cuzão da história do cinema, este filme ganhava fácil. O amadurecimento de vários personagens, a transformação, o amor, a culpa.... tudo se mistura em um final que me comoveu muito. A mensagem que tirei é a de que a vingança nunca vale nada e o amor é a única coisa que pode nos salvar desta obscenidade que é o mundo.


MINERVINA VEM AÍ

Título Original: Minervina Vem Aí
Diretores: Eurides Ramos & Hélio Barroso
Ano: 1960
País de Origem: Brasil
Duração: 87min

Sinopse: Minervina trabalha desde menina na casa dos Barões da Erva Seca, no interior de Minas Gerais. Agora veio ao Rio de Janeiro para servir Dona Melita, que é uma das descendentes dos barões. A confusão começa quando o Dr. Pereira apaixona-se por ela.

Comentário: É um filme engraçado, meio datado e clichê, mas que apesar de tudo envelheceu bem. Situações cômicas onde a graça mora exatamente na simplicidade. Dercy Gonçalves sempre interpretando a mesma personagem, acho até que a própria atriz mesclou a personagem com ela mesma ao longo da carreira e não devia mais nem saber quem era ela e quem era a personagem, mas o melhor de tudo é que ela convence sempre. Magalhães Graça, que interpreta o Dr. Gustavo Pereira está muito engraçado e Norma Blun sempre deslumbrante. O que me intriga muito nessas comédias brasileiras do final da década de 50 e começo da de 60 é a quebra da história pra apresentar sambas da época, aqui temos até Nélson Gonçalves dando um showzinho. Não que eu esteja reclamando, mas essas músicas quebram demais a narrativa servindo como um balde de água fria pra história.


terça-feira, 22 de julho de 2014

CIMARRON - JORNADA DA VIDA

Título Original: Cimarron
Diretor: Anthony Mann
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 147min

Sinopse: Em 1889, o governo americano incentiva a colonização do último estado inóspito dos Estados Unidos, o estado de Oklahoma. Yancey Cravat e sua esposa Sabra mudam de Wichita para tentar a sorte e conseguir um pedaço de terra, no Oklahoma, cujo exército permitirá a posse da terra de quem chegar primeiro, a partir do amanhecer do dia 22 de abril de 1889.

Comentário: Um filme muito legal, longo, mas nem um pouco cansativo. Tem horas que a história tem altos e baixos, mas o que realmente vale são os personagens, que são tão bem construídos que você consegue amá-los e odiá-los ao mesmo tempo, mas em nenhum momento você diz que teria algo que eles não fariam realmente se existissem. O filme também é bem interessante do ponto de vista histórico, já que se passa entre 1889 até 1914. Uma saga familiar que merece ser assistida. Anthony Mann fez este filme após sair da direção de Spartacus (A primeira hora do clássico conta com a direção de Mann que saiu brigado com Kirk Douglas, posteriormente Stanley Kubrick assumiu o projeto). É difícil comentar o filme sem spoilers, mas posso dizer que o desfecho de tudo me agradou exatamente por não cair em clichês e é bem interessante atentar para a personagem Sabra (Maria Schell) que não consegue se desvencilhar de ser igual sua mãe quase durante todo o filme. Glenn Ford (o sempre pai adotivo do Superman) está ótimo no papel também. Se você não gosta de faroeste, ainda assim pode vir a gostar deste filme, se você é fã do gênero é um filme obrigatório. (PS: Esse subtítulo "Jornada da Vida" lançado no Brasil foi completamente desnecessário).


NOITE E NEBLINA NO JAPÃO

Título Original: Nihon No Yoru To Kiri
Diretor: Nagisa Ôshima
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 107min

Sinopse: O ativista estudantil da velha guarda Nozawa está se casando com Reiko, uma mulher mais nova que ele de uma nova safra de estudantes ativistas do Japão. Na festa de casamento vários colegas e professores estão presentes, logo a cerimônia fica em segundo plano quando começam a discutir sérias questões pendentes, de 10 anos atrás, da época de ativismo.

Comentário: Ôshima lançou nada mais que 3 filmes no ano de 1960, na minha opinião este é o melhor de todos. Algumas pessoas acreditam em uma visão um pouco niilista deste filme, dizem que o diretor ataca a direita e a esquerda sem dar nenhuma solução possível para o futuro político do Japão. Eu discordo completamente desta visão. Ao meu ver, o filme é uma critica ferrenha a desorganização da esquerda do Japão (e porque não do mundo? É só olhar o sistema capitalista de hoje para perceber que o problema político mundial é exatamente o fato de que a direita está organizada enquanto a esquerda ainda engatinha). Líderes autoritários, discordância entre atos violentos e pacifistas, visões extremistas, valores e discussões que deixam o filme muito atual para os dias de hoje. A direção de Ôshima está ótima e a narração fora de cronologia pode deixar a experiência um pouco difícil em alguns momentos, mas nada que tire a grandiosidade deste filme. Excelente! Indico só pra quem gosta de estudar política e tenha alguma posição partidária.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

A POMBA BRANCA

Título Original: Holubice
Diretor: František Vláčil
Ano: 1960
País de Origem: Tchecoslováquia
Duração: 67min

Sinopse: Durante sua jornada de volta para casa, no Mar Báltico, um inocente pombo-correio perde-se e cai na cidade de Praga, onde é resgatado e cuidado por um frágil garoto. Logo os dois desenvolverão uma amizade que tocará todos ao seu redor.

Comentário: Um filme belíssimo, com uma excelente fotografia, o diretor Vláčil não deixa a desejar para os maiores diretores da época. O filme me lembra muito ao primeiro filme de Tarkovsky (O Rolo Compressor e o Violinista) em alguns aspectos: a amizade entre um homem mais velho e um garoto e as cenas muito belas e bem dirigidas. A pomba branca do filme também tem um forte simbolismo de paz, pureza, liberdade e várias outras coisas, simbolismos estes que Tarkovsky também gostava muito de usar em seus filmes. Não digo que Vláčil seja uma cópia do famoso diretor russo, muito pelo contrário, acho que Vláčil era um diretor à altura de Tarkovsky, mas infelizmente não tão conhecido quanto.


O ROLO COMPRESSOR E O VIOLINISTA

Título Original: Katok i Skripka
Diretor: Andrei Tarkovsky
Ano: 1960
País de Origem: Rússia
Duração: 44min

Sinopse: Primeiro filme do direitor, feito para a conclusão do curso de Cinema. Relata a amizade de um garoto pobre apaixonado por tocar violino com o motorista de um rolo compressor.

Comentário: O filme, apesar de ser um média metragem, é bastante denso. O filme tem um "que" de Hemingway pra mim, esta dicotomia entre o limpo e o sujo, o trabalho braçal e a arte, o homem e a mulher, a infância e o adulto... enfim, entre um rolo compressor e um violino. Tarkovsky já demonstrava seu brilhantismo e o seu cinema cheio de referências a símbolos (principalmente maçãs e espelhos neste filme) como podemos ver ao longo desses poucos quarenta e quatro minutos. A atuação do garoto e do operário estão ótimas, é uma pena que o garotinho não tenha feito mais nada depois desde filme. Não é o melhor trabalho do diretor, mas talvez seja um dos mais fáceis de assistir, pra quem quer começar a assistir sua filmografia recomendaria começar por este aqui. Em alguns lugares este filme figura como sendo de 1961, preferi seguir o site IMDB (Internet Movie Database) que o coloca como sendo um filme de 1960 mesmo.


quinta-feira, 17 de julho de 2014

OS OLHOS SEM ROSTO

Título Original: Les Yeux Sans Visage
Diretor: Georges Franju
Ano: 1960
País de Origem: França
Duração: 88min

Sinopse: O professor Génessier, um célebre cirurgião conhecido por seus trabalhos sobre heteroplastia, tem um filha chamada Christiane, que foi horrivelmente desfigurada em um acidente, ficando somente os olhos intactos. Para tentar restituir-lhe a beleza de antes, ele, com a ajuda de uma enfermeira, sequestram e mutilam belas moças para fazer as cirurgias experimentais de enxerto de pele.

Comentário: Magnanimamente Assustador! O filme é muito bom, as cenas que o rosto de Christiane é escondido pelos lances de câmera dão um frio na espinha. Linda cena final. Edith Scob, que interpreta Chritiane, me lembrou um pouco o David Bowie, com um ar andrógino conseguiu passar ainda mais aflição nas cenas. O filme me lembrou bastante o filme "A Tortura do Medo", que foi responsável por afundar a carreira do diretor Michael Powell por ser considerado assustador e subversivo pela sociedade da época. Estranhamente "Os Olhos Sem Rosto" estreou antes, mas parece que não teve a mesma repercussão negativa.


A TORTURA DO MEDO

Título Original: Peeping Tom
Diretor: Michael Powell
Ano: 1960
País de Origem: Inglaterra
Duração: 101min

Sinopse: Como garoto, Mark Lewis sofria experimentos bizarros pelo seu pai cientista, estudante dos efeitos do medo no sistema nervoso das pessoas. Agora crescido, com seus pais já mortos, ele vira um psicopata que assassina mulheres somente para gravar suas expressões de terror no momento da morte.

Comentário: O filme foi responsável por destruir a carreira de Michael Powell no cinema, ficou em cartaz pouco tempo e retirado de cena pra só ser resgatado décadas depois pelo diretor Martin Scorsese com sua fundação de preservação do cinema. O filme incomoda sim, lógico que pra uma geração tratada a "Jogos Mortais" e companhia pode parecer fraco, mas o que essa geração blockbuster entende realmente de cinema? O que mais incomoda é o fato de nos afeiçoarmos ao personagem que é um assassino frio e calculista, mas nos é apresentado os motivos por ele ser assim, e ninguém quer se sentir afeiçoado a um assassino, seja na sociedade da década de 60, seja nos dias de hoje. Aí está o grande trunfo do filme, ele incomoda sim ainda nos dias de hoje. Karlheinz Böhm interpretou o papel com maestria!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

SANGUE SOBRE A NEVE

Título Original: The Savage Innocents
Diretor: Nicholas Ray
Ano: 1960
País de Origem: Inglaterra
Duração: 101min

Sinopse: Inuk é um grande e forte caçador esquimó, que cansou de ficar sozinho. Seus amigos lhe oferecem as esposas, pois há falta de mulheres e é o costume da comunidade, mas Inuk agora quer uma companheira. Inuk acaba casando com Asiak, com ela vem a idosa sogra, que Inuk aceita de bom grado. Inuk continua sua vida de caçador, alimentando as mulheres, até o dia em que um desconhecido lhe mostra um rifle. Inuk deseja um igual, e vai ao encontro dos homens brancos para trocar peles pela arma. Mas Inuk não entende os costumes do homem branco e acaba cometendo um erro: mata um missionário que o ofendeu. Ele volta para sua região e desiste da arma. Mas os homens brancos não o perdoam e começam a perseguição que vai durar anos, a fim de levar Inuk a julgamento no qual certamente ele será condenado à forca.

Comentário: Não tem como não traçar um paralelo com o filme "Nanook, o Esquimó", tenho certeza que este filme foi o gatilho responsável por Nicholas Ray ter se interessado em dirigir "Sangue Sobre a Neve". Gostei bastante do filme, é triste pensar em como nós (O Homem Branco) tentam até hoje impor suas leis, crenças e estilo de vida aos outros povos. Pensamos em progresso como algo bom a ser imposto a qualquer custo no globo. Quando começou o filme, achei que o Anthony Quinn não ia conseguir convencer como esquimó, estava completamente enganado, excelente interpretação. Uma bela aula de antropologia.


ERA NOITE EM ROMA

Título Original: Era Notte a Roma
Diretor: Roberto Rossellini
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 151min

Sinopse: Três militares (um inglês, um americano e um russo) fogem de um campo de concentração alemão e tentam chegar, por todos os meios, às linhas aliadas, contando, para isso, com a ajuda de várias pessoas italianas.

Comentário: Um belo filme. Diria que existem dois filmes em um. A primeira metade é a que mais me agradou e mereceria nota máxima, de repente vem uma quebra importante na história que muda toda a narrativa do filme. Esta segunda metade não foi tão boa quanto a primeira, mas ainda assim é muito interessante. O filme é longo e chega a ficar um pouco cansativo nesta segunda metade. Mas ao todo o filme é belíssimo, vale a pena a assistida. Os personagens são muito bem construídos, o soldado russo que não consegue se comunicar com os outros foi brilhantemente interpretado por Sergei Bondarchuk.

terça-feira, 15 de julho de 2014

A ADOLESCENTE

Título Original: The Young One
Diretor: Luis Buñuel
Ano: 1960
País de Origem: México
Duração: 96min

Sinopse: Uma pérola rara na carreira do mestre do surrealismo. Inspirado num conto do escritor Peter Matthiessen. A produção, que conta com a brilhante fotografia em preto e branco de Gabriel Figueroa, e tem como tema central a história de um homem que vive em uma ilha isolada na costa da Carolina, tendo como companhia apenas uma adolescente. Porém, um clima de tensão é formado com a chegada de um fugitivo negro e de um padre. 

Comentário: Um grande filme, injustiçado por não ser conhecido, da carreira de Buñuel. O filme foi inteiro filmado no México, mais precisamente nas cidades de Acapulco e Cidade do México, apesar de ter sido feito para o mercado americano, com atores americanos e na língua inglesa. Esta película figura entre as minhas favoritas, pois mostra que não existe certo ou errado, branco ou preto, é tudo simplesmente cinza. Desde o começo do filme passamos a julgar todos os personagens, quando na verdade não existe um personagem errado, todos tem suas fraquezas e sonhos. A única questão que fica como nojenta no final de tudo é o racismo puro e simples. Um belo filme, recomendadíssimo.


CIRCO DOS HORRORES

Título Original: Circus Of Horrors
Diretor: Sidney Hayers
Ano: 1960
País de Origem: Inglaterra
Duração: 92min

Sinopse: Na Inglaterra em 1947, um cirurgião plástico foge para França quando um de seus pacientes sofre traumatismo, devido a uma cirurgia mal sucedida. Uma vez lá, começa a trabalhar num circo. Lá tenta reconstituir uma jovem que ficou desfigurada devido às bombas de guerra. Mais tarde transforma-se no proprietário do circo, e continua a transformar mulheres deformadas em estrelas bonitas de seu espetáculo. A polícia da Scotland Yard e um repórter investigam uma série de crimes quando algumas mulheres começam a morrer, e começam a suspeitar que o bom doutor possa ser o responsável.

Comentário: É um filme mediano fraco, consegue divertir até certo ponto. Vários personagens são muito mal trabalhados e mal aproveitados ao longo do filme, alguns furos de roteiro deixam as coisas meio inverossímeis. O filme tem a pior cena de um ataque de urso da história do cinema. Mulheres seminuas durante todo o filme demonstra a revolução sexual que o feminismo vinha  alcançando no mundo. Um filme que eu não recomendo muito, tem coisas melhores pra perder o seu tempo.


segunda-feira, 14 de julho de 2014

O OLHO DO DIABO

Título Original: Djävulens Öga
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1960
País de Origem: Suécia
Duração: 84min

Sinopse: O inferno está em polvorosa por causa de um terçol no olho do diabo. A causa do mal é terrena: a virgindade de uma jovem de 20 anos prestes a se casar. Diante disso, o diabo envia Don Juan para tentar a moça e evitar que ela chegue casta ao casamento.

Comentário: Um filme simplista do Bergman, mas realmente fodástico! É impressionante como até um filme despretensioso como este ele consegue fazer algo muito bom. Não sabia que ele tinha uma comédia, tem horas que nem parece um filme dele, mas a direção não mente e nem as frases de efeito como ""Nenhum castigo é duro o bastante para quem ama" ou "O casamento é o alicerce do Inferno". Situações inusitadas beirando ao irreal, um competente elenco e uma curta duração fazem com que o filme fique um gostinho de quero mais. Vale muito a pena ver.


A FONTE DA DONZELA

Título Original: Jungfrukällan
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1960
País de Origem: Suécia
Duração: 89min

Sinopse: Na Suécia, século XIV, a população oscilava entre o cristianismo e o paganismo. Herr Töre (Max von Sydow) e Märeta Töre (Birgitta Valberg) formam um casal que tem uma propriedade rural. Eles são cristãos fervorosos e incumbiram Karin Töre (Birgitta Pettersson), sua filha, uma adolescente de quinze anos, de levar velas para a igreja da região e acendê-las para a Virgem Maria.

Comentário: Vencedor da Menção Especial da Palma de Ouro em Cannes e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Foi o filme responsável pela ideia do meu blog Oráculo Alcoólico, eu assisti de novo recentemente nove anos depois e o filme continua perfeito, há várias referências sobre fé, culpa, vingança e o diretor até brinca em uma cena com a fábula da Chapeuzinho Vermelho. Se pensarmos no roteiro, o filme não trás nada de novo, é uma história bem simples, mas é a maneira que o diretor orquestra tudo isso que faz do filme o que é, ter a força que tem. Engraçado que todos parecem nutrir uma certa culpa pelo destino da filha, menos os verdadeiros culpados. A cena de Max Von Sydow descontando sua raiva e frustração em uma árvore é das mais belas da história do cinema. (comentário editado em um outro aniversário de Bergman 14/06/2023)
 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

INFERNO

Título Original: Jigoku
Diretor: Nobuo Nakagawa
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 101min

Sinopse: O filme conta a história de dois jovens: Shiro e Tamura. Eles atropelam um bêbado e uma variedade de acontecimentos beirando o irreal começam a acontecer, todos os seus conhecidos morrem e no fim juntam-se no inferno, e diga-se de passagem, uma das mais cruéis e intensas visões do inferno.

Comentário:  O filme é dividido em duas partes. A primeira se passa no mundo real e tem várias coisas forçadas que beiram ao nonsense, a primeira hora não me agradou muito. Cenas escuras, mas muito bem orquestrado para o que estava para vir a seguir. A segunda parte se passa no Inferno e é aqui que mora a genialidade do filme que beira ao surrealismo. As cenas do Inferno parece que são quarenta minutos rodados no Black Lodge da série Twin Peaks do David Lynch. O filme é conhecido por criar o gênero "gore" e consegue sim impressionar bastante. Uma pessoa desavisada pode ficar bastante incomodada com o filme. Lógico que os efeitos são datados perto dos filmes de hoje (é um gênero que não me agrada e eu costumo a passar longe), mas não deixa de ter sua importância histórica para o cinema. Um filme que vale a pena assistir.