sexta-feira, 29 de agosto de 2014

CRÔNICA DE UM VERÃO

Título Original: Chronique D'un Été
Diretores: Jean Rouch & Edgar Morin
Ano: 1961
País de Origem: França
Duração: 90min

Sinopse: Durante o verão de 1960, o sociólogo Edgar Morin e Jean Rouch pesquisam sobre a vida cotidiana dos jovens parisienses para tentar compreender sua concepção de felicidade. Durante alguns meses este filme-ensaio segue, ao mesmo tempo, tal enquete e também a evolução dos protagonistas principais. Ao redor da questão inicial "Como você vive ? Você é feliz ?" Rapidamente aparecem problemáticas essenciais como a política, o desespero, o tédio, a solidão… Finalmente, o grupo interrogado durante a enquete se reúne em torno da primeira projeção do filme acabado, para discuti-lo, aceitá-lo ou rejeitá-lo. Com isso, os dois autores se encontram diante da experiência cruel, mas apaixonante, do "cinéma-vérité", ou seja, do cinema-verdade.

Comentário: O filme é bem interessante, ao mesmo tempo que é diferente positivamente, também é bem chato de assistir, sem que isto tire o interesse em assisti-lo. Alguns personagens são bem interessantes, outros são bem chatos e torna o filme arrastado. Quando os dois diretores discutem, ao final da experiência, sobre o filme você é obrigado a concordar em tudo com eles. A sequência em que se passa na Place de la Concorde com Marceline, é uma das mais intensas, fiquei atônito com o texto e as imagens. Outro ponto alto é quando se fala de trabalho, classe operária e usam a fábrica da Renaut como exemplo. As discussões sobre racismo são tão rasas para os dias de hoje que se tornam quase obsoletas. Como disse anteriormente, um filme interessante, talvez superestimado demais, mas que vale a pena assistir. (PS: Não sou sociólogo, talvez um sociólogo aprecie o filme muito mais do que eu).


MAIS UMA VEZ ADEUS

Título Original: Goodbye Again
Diretor: Anatole Litvak
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 115min

Sinopse: Nesta adaptação do romance de Françoise Sagan "Aimez Vous Brahms?", Paula (Ingrid Bergman) é uma bela e bem sucedida decoradora de 40 anos. Perdidamente apaixonada por Roger (Yves Montand), aquele que é seu companheiro por mais de cinco anos. Roger é o típico galã, que apesar de amar Paula, não quer deixar sua liberdade. Paula então conhece o jovem Philip (Anthony Perkins), um advogado imaturo filho de uma de suas clientes, que rapidamente se encanta com a elegância de Paula.

Comentário: Outro filme que entra para a lista dos meus favoritos de todos os tempos, provavelmente um dos melhores filmes do ano de 1961. Ingrid Bergman transborda talento, dona de uma beleza comum, dessas mulheres lindas que você encontra em um restaurante ou andando pela rua (não é uma beleza enlatada de Hollywood, não sei explicar, só sei que é diferente). Anthony Perkins ganhou o prêmio de melhor ator em Cannes por este filme, provando que não ficou estigmatizado com seu papel em Psicose. O papel de cafajeste conquistador caiu muito bem em Yves Montand. O filme é muito bem construído, a direção é soberba e a história é tão real que chega a ser um tapa na cara do telespectador. O filme não é uma comédia romântica, muito longe disso, é um filma de drama intenso, que ataca o machismo e mostra sem muita enrolação a vida de uma mulher divorciada com quarenta anos nos anos sessenta. O final é a cereja no bolo. Maravilhoso! Qualquer pessoa que já tenha amado na vida vai entender muito bem este filme.


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

CLAMOR DO SEXO

Título Original: Splendor in the Grass
Diretor: Elia Kazan
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 124min

Sinopse: Nos anos 1920, em Kansas, um casal de adolescentes descobre o amor, mas é perseguido pela sociedade moralista e repressiva da época. Warren Beatty e Natalie Wood esbanjam beleza, inocência e sensualidade nessa obra-prima de elia Kazan sobre moralismo e repressão.

Comentário: O melhor filme de Elia Kazan, na minha opinião... e sim, eu assisti Sindicato de Ladrões. O filme tinha tudo pra ser mais um romance mela cueca típico hollywoodiano, mas isto é tudo o que ele não é. A carga de realidade que o filme passa é forte e a atuação da Natalie Wood é simplesmente fantástica. Considero o Oscar de melhor atriz de 1962  o mais difícil de toda a história da Academia (Tinha a Sophia Loren com Duas Mulheres / Audrey Hepburn com Bonequinha de Luxo / Piper Laurie com Desafio à Corrupção / Geraldine Page com O Anjo de Pedra & Natalie Wood com Clamor do Sexo), particularmente eu dava a estatueta pra Natalie Wood ou Piper Laurie, não que a Sophia Loren não tenha merecido também. O final do filme é maravilhoso, lindo, lindo, lindo! Difícil escrever sem parecer uma tiete do filme, é um dos meus preferidos.


DERSU UZALA

Título Original: Dersu Uzala
Diretor: Agasi Babayan
Ano: 1961
País de Origem: Rússia
Duração: 81min

Sinopse: Filme em que o capitão Vladimir Klavdiyevich Arsenyev relata suas expedições militares pela taiga siberiana e seu encontro com Dersu Uzala, um caçador nômade que acompanhou o destacamento durante toda a jornada, salvando-o das dificuldades encontradas na hostil região do Ussuri.

Comentário: O filme é a primeira adaptação para o cinema do livro autobiográfico de Vladimir Arseniev, onde ele relata sua expedição e a amizade que foi crescendo com o seu guia (Dersu Uzala). A segunda adaptação é bem mais famosa, já que é dirigida por ninguém menos que Akira Kurosawa. Este filme é bem curto e pode não dar a dimensão da grande amizade que surge entre o expedicionário e o homem simples que é Dersu Uzala, mas acho que o ator desta primeira versão que interpreta Dersu, tem toda a essência do personagem. É um filme simples, curto e grosso, vai direto ao ponto sem enrolação. A única coisa que me incomodou foi a iluminação, em alguns pontos da floresta é difícil enxergar algumas cenas, por um lado dando um tom realista, por outro tornando as imagens não tão bonitas como poderiam ser. Acredito que a tecnologia empreendida para a realização deste filme, fora as dificuldades em se filmar na floresta, deram este resultado um pouco abaixo da média nas imagens. Achei o final um pouco frio, podia ter mais emoção e um link com o começo do filme, que não ocorre.


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

BONEQUINHA DE LUXO

Título Original: Breakfast at Tiffany's
Diretor: Blake Edwards
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 114min

Sinopse: Holly Golightly (Audrey Hepburn) é uma garota de programa nova-iorquina que está decidida a casar-se com um milionário. Perdida entre a inocência, ambição e futilidade, ela toma seus cafés da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany's, na intenção de fugir dos problemas. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), um jovem escritor bancado pela amante, que se torna seu vizinho, com quem se envolve. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que contraria seus objetivos de tornar-se rica.

Comentário: Eu acho engraçado as mulheres se projetarem tanto nesta personagem de Audrey Hepburn. Holly é egocêntrica, egoísta, chata, mimada, fútil e mais um monte de coisas negativas, lógico que Audrey interpretou o papel com maestria, mas não entendo muito o patamar que este filme atingiu. É uma excelente comédia romântica, mas como várias outras comédias românticas dos anos 60. É um filme acima da média, mas não é nem a melhor, nem a pior, comédia romântica de seu tempo. Talvez seja devido ao alto marketing que a própria loja Tiffany's deve ter feito com o filme, não consigo explicar o tamanho frisson que este filme tem até hoje. Vale assistir? Lógico que sim! É bom mesmo? Lógico que sim! Mas eu nunca vou perdoar a Holly depois da cena do gato.


OS DESAJUSTADOS

Título Original: The Misfits
Diretor: John Huston
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 124min

Sinopse: Roslyn Taber (Marilyn Monroe) é uma mulher sensível, que está se divorciando. Gay Langland (Clark Gable) é um cowboy frio, que passou a vida pegando cavalos e mulheres divorciadas. Ela não aceita a captura de cavalos selvagens para virarem comida de cachorro, enquanto que ele não vê nada demais. No meio de tudo isto nasce uma paixão entre os dois.

Comentário: O filme é icônico, e não é só porque é o último trabalho completo de dois grandes nomes de Hollywood, Clark Gable e Marilyn Monroe. A direção de Huston é uma das melhores de toda a sua carreira (não assisti todos os filmes dele, mas não vi nenhum melhor que este), as atuações de Gable e Monroe estão ótimas. Montgomery Clift volta a me surpreender neste filme, nunca havia dado muita importância pra este ator, mas depois de Julgamento em Nuremberg e de Os Desajustados ele subiu muito em meu conceito. Tanto Gable quanto Monroe parecem interpretar a si mesmos. A história de vida dele daria um filme, a perda da esposa, a luta na 2ª Guerra mundial, foi inclusive caçado por Hitler que era seu fã, nas trincheiras, enfim, no filme ele parece transportar toda a dor da velhice, da solidão, das desilusões para o seu personagem. O mesmo acontece com Monroe, que demonstra seu lado depressivo como nunca ousou fazer frente as câmeras. Um filme lindo, que deve estar figurando entre os melhores de 1961.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

ATRAVÉS DE UM ESPELHO

Título Original: Såsom i en Spegel
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1961
País de Origem: Suécia
Duração: 89min

Sinopse: Uma das principais obras de Ingmar Bergman e o início da "trilogia do silêncio", formada ainda por "Luz de Inverno" e "O Silêncio". Harriet Andersson é a frágil Karin que, afetada por crises de loucura, entra em conflito com seus familiares durante as férias de verão numa ilha distante. Um drama psicológico intenso em que Bergman disseca o processo de degradação de uma família.

Comentário: O primeiro e o meu preferido da "Trilogia do Silêncio" de Bergman. O filme é intenso, cheio de sentimentos fortes e de frases de efeito. Os personagens são muito bem construídos, te envolvem durante toda a película. Se eu tivesse que escolher a melhor fotografia de um filme em preto e branco em toda a história do cinema, acredito que daria este prêmio para este filme. A fotografia é simplesmente maravilhosa. A densidade do filme pode incomodar algum desavisado, não é dos filmes mais simples e fáceis do Ingmar Bergman, mas é um dos meus preferidos. Aconselho, pra quem nunca viu algo do diretor, começar por algum outro filme, como Morangos Silvestres, O Sétimo Selo ou A Fonte da Donzela.


JULGAMENTO EM NUREMBERG

Título Original: Judgment at Nuremberg
Diretor: Stanley Kramer
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 186min

Sinopse: Após a 2ª Guerra Mundial um juiz americano é convocado para chefiar o julgamento de quatro juristas alemães responsáveis pela legalização dos crimes cometidos pelos nazistas durante a guerra. Dirigido por Stanley Kramer (Adivinhe Quem Vem Para Jantar) e com Spencer Tracy, Burt Lancaster, Marlene Dietrich, Maximilian Schell, Judy Garland, Montgomery Clift e William Shatner no elenco. Vencedor de 2 Oscars.

Comentário: Stanley Kramer parece ser aquele diretor que adora pisar no calo da sociedade conservadora da época. No ano anterior já havia dirigido um filme sobre julgamento com E o Vento Será Tua Herança, com o Julgamento em Nuremberg volta a cutucar onde dói, principalmente traçando um paralelo entre o modelo nazista e a caça ao comunismo pregado pelos EUA após a 2ª Guerra (Mas este paralelo só aparece para os olhos atentos, e é aí que mora a sutileza do filme). Com suas quase três horas, o filme não é cansativo e até passa rápido, com um elenco de primeira grandeza, que ajuda muito ao filme. Menção honrosa para a pequena participação de Montgomery Clift, que dá um show de interpretação. Ao final, você está com aquele embrulho no estômago, das atrocidades nazistas e dos seres humanos de um modo geral, mas um embrulho, que apesar de indigesto, faz bem.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A ÚLTIMA CENA DE TIROS

Título Original: Ankokugai No Taiketsu
Diretor: Kihachi Okamoto
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 95min

Sinopse: Saburo Fujioka, detetive da polícia japonesa, é suspeito de corrupção, rebaixado, e enviado para a cidade de Kojin. Kojin é palco de violentos combates entre gangues rivais. Fujioka é designado para investigar a morte da esposa do gangster Tetsuo Maruyama, da gangue Kozuka. Durante um tiroteio de gangues, Maruyama é resgatado por Fujioka e os dois viram amigos. Maruyama, porém, insiste em vingar o assassinato de sua esposa, mesmo que isso signifique conflitar com seu novo amigo.

Comentário: É um filme um pouco confuso, o filme vai acontecendo de maneira frenética e em alguns momentos você para e pensa "Calma, espera, perdi alguma coisa".  Toshirô Mifune em um papel diferente dos quais está acostumado a interpretar, isto, por si só, já vale o filme. No geral, o filme é bem legal, com um ar de filme policial noir. Quando fui assistir, pensei que era preto e branco, mas é colorido (acho que com uma boa fotografia em preto e branco daria um ar interessante ao filme). A direção é muito boa e o desfecho me deixou meio atordoado, gostei bastante.


TUDO LEGAL

Título Original: Tudo Legal
Diretor: Victor Lima
Ano: 1960
País de Origem: Brasil
Duração: 78min

Sinopse: Bronco (Ronald Golias) e Euclides (Jô Soares) são dois moradores da favela carioca do Morro do Pinto e vivem de biscates no cais do porto. Um contrabandista coloca um pacote de drogas entre as coisas deles e a partir dai a dupla passa a ser perseguida pela quadrilha do Doutor Galileu. Depois de serem raptados pelos capangas sem saberem a razão, são soltos mas o doutor acha que eles são de uma nova quadrilha rival. E manda a dupla de mulheres vigaristas, Salomé e Lucrécia, tentar enganar os dois e descobrirem quem eles são.

Comentário: É o segundo filme que assisto  com direção do Victor Lima, as comédias dele são muito boas, mesmo este não sendo melhor que Pistoleiro Bossa Nova, mantém um ritmo engraçado o tempo todo. Ronald Golias interpretando seu personagem com aquele ar teatral de palhaço de circo e Jô Soares ainda novo atuando com competência. A história é envolvente, levando a um ritmo frenético e maluco até o final. Jaime Costa, sempre do mesmo jeito, mas que eu adoro. Um bom filme.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

ÊXODO

Título Original: Exodus
Diretor: Otto Preminger
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 208min

Sinopse: Navio de imigrantes judeus está a caminho de Israel pouco antes da formação do novo país. Durante a viagem, são hostilizados pelos britânicos, com quem devem negociar. Chegando a Israel, presenciam a declaração de independência ao mesmo tempo em que sofrem ataques dos países vizinhos.

Comentário: Filme tendencioso sobre a criação de Israel, produzido por judeus pra judeus assistirem (Não tenho nada contra judeus, apenas contra seu modo de fazer política). Até o romance entre os personagens centrais é falso, não consegue convencer em nada. Pra uma pessoa desavisada, pode achar o filme lindo, que apesar do tempo não achei cansativo. Como filme de puro entretenimento é um filme mediano, mas como um filme histórico é uma abominação.  É interessante até certo ponto, já que é um assunto sempre atual com os ataques a Faixa de Gaza. Engraçadíssimo é ver que um país como Israel foi fundado pelas Nações Unidas com votos do Paraguai, Panamá e companhia, sem dar voz nenhuma aos habitantes que já habitavam ali como a nação da Palestina. E mais bizarro ainda é imaginar que foi decidido uma partilha do país, mas que Israel se recusa a reconhecer até hoje o estado Palestino e as Nações Unidas não fazem nada a respeito. Não recomendo, até mesmo pelo fato de que são quase três horas e meia de filme, com direito até a discurso de Paul Newman bem no estilo presidente dos Estados Unidos em filme catástrofe. Até me espanta só ter ganho um Oscar, já que a Academia adora este tipo de filme.




O MUNDO NOVO DE SERYOZHA

Título Original: Seryozha
Diretores: Georgi Daneliya & Igor Talankin
Ano: 1960
Duração: 75min

Sinopse: A vida do menino Seryozha se transforma quando a mãe se casa com Korostelyov, a quem ele logo começa a admirar e aceita como o seu novo pai. Porém, a paz do menino começa a ser comprometida com a chegada do irmãozinho e com a notícia de que os pais pretendem mudar de cidade e deixá-lo por um tempo com os tios.

Comentário: É aquele filme que te fisga, você fica preso nele sem lembrar que está assistindo um filme. É impressionante a capacidade de atuar dessas crianças russas, tanto neste filme como em O Rolo Compressor e o Violinista, as crianças dão um show. A direção é simples, o roteiro é simples, mas é na simplicidade que reside a força do filme. São várias cenas curtas, episódios sem muita ligação, onde o personagem Seryozha vai aprendendo a crescer e a ser criança. Boris Bondarchuk no papel de Korostelyov convence muito, a cena final é linda. O filme foi lançado no Brasil com o título O Mundo Novo de Serginho, mas na versão legendada que eu assisti o menino chama Seryozha, então não vejo sentido nenhum em manter o Serginho no título (Ah, essas traduções brasileiras).


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

LADRÃO APAIXONADO

Título Original: Risade di Gioia
Diretor: Mario Monicelli
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 101min

Sinopse: Na véspera do Ano Novo, uma atriz insegura (Anna Magnani) não tem nada para fazer. Quando uma colega a convida para uma festa de Ano Novo, ela aceita o convite. Acidentalmente encontra um velho conhecido, Umberto (Totò), que está ajudando um batedor de carteiras profissional (Ben Gazzara) a roubar pessoas durante a agitação da festa de Réveillon. Durante o decorrer da noite, eles têm inúmeras aventuras.

Comentário: O trio Magnani, Totò e Gazzara atuam muito bem, a química entre eles é muito boa, mas o filme cansa. É sempre a mesma coisa, o cara tentando roubar, a mulher atrás do ladrão e o amigo dela tentando tirar ela da roubada em que se meteram. O próprio filme insiste na mesma dinâmica o tempo inteiro. Um desfecho forçado, sem envolver muito o telespectador com os personagens. Achei um filme bem mediano, sem muito sal ou açúcar. O que vale mesmo é a direção do Monicelli e os três atores que citei anteriormente, que trabalham muito bem, elevando um pouco o nível do filme.


SENHOR PUNTILA E SEU CRIADO MATTI

Título Original: Herr Puntila Und Sein Knecht Matti
Diretor: Alberto Cavalcanti
Ano: 1960
País de Origem: Alemanha
Duração: 92min

Sinopse: Neste musical, um rico proprietário de terra finlandês é generoso, divertido e um bom companheiro quando está bêbado. No entanto, quando sóbrio, ele se torna austero e cruel. Seu servo fiel não só deve aturar o temperamento instável de seu patrão, mas também deve ficar sempre pronto para ele quando está em apuros. 

Comentário: O filme não é bem um musical, como diz a sinopse, contém algumas cenas musicais apenas. A história é baseada em uma peça do Brecht e o filme me surpreendeu bastante, é bem divertido. Os atores trabalham bem e a história é engraçada e envolvente. Fato interessante é que se trata de um filme alemão dirigido por um brasileiro, Alberto Cavalcanti, que teve uma vasta carreira internacional nos anos 50 e 60. Estava esperando um filme difícil de assistir, mas passou voando, uma pena a qualidade baixa de imagem e som que se acha na internet. É o cinema alemão se reconstruindo depois da II Guerra, sem tocar em temas muito polêmicos, tentando apenas entreter.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

AFUNDEM O BISMARCK!

Título Original: Sink The Bismarck!
Diretor: Lewis Gilbert
Ano: 1960
País de Origem: Inglaterra
Duração: 97min

Sinopse: No início de 1941, o Bismarck, maior navio de batalha da Alemanha Nazista e grande empecilho para a navegação no Atlântico, é descoberto em seu ancoradouro na Noruega. Em fuga e buscando a proteção da Luftwaffe, o poderoso navio é caçado pela Marinha Britânica.

Comentário: O filme é cheio de clichês, as batalhas navais não são tudo isso que falam (primeiro um navio atira, depois outro navio atira), logicamente pra ficar bem cinematograficamente falando, mas em uma batalha real não tem a vez de um atirar pro outro atirar não (então vamos com calma, dizer que as batalhas beiram ao realismo é exagero). Os alemães falando em inglês (ok, é um filme inglês), mas isto me incomoda demais. O que realmente salva o filme é a atuação de Kenneth More, interpretando o Capitão Shepard, ele dá uma sutileza ao papel impressionante, mesmo durão como pedra e frio como gelo ele consegue mostrar que existe sentimento ao personagem. Mas o filme entretém muito bem, tem um ritmo bom e uma boa direção. Lewis Gilbert já se mostrava um diretor competente aqui, não é a toa que foi chamado para dirigir três filmes do espião 007, tendo inclusive dirigido o meu filme favorito de James Bond em 007 - O Espião Que Me Amava.


VIROU BAGUNÇA

Título Original: Virou Bagunça
Diretor: Watson Macedo
Ano: 1960
País de Origem: Brasil
Duração: 103min

Sinopse: Três cantores, acidentalmente, chegam a uma estação de televisão e são tomados por deputados nordestinos. Resolvido o equívoco, uma "vedete propaganda" os contrata como divulgadores de sua estreia teatral com a ideia de um falso sequestro. As confusões se avolumam com a chegada de um general maluco, um grupo de revolucionários barbudos e um cangaceiro.

Comentário: É um filme divertido, quanto a isso não posso reclamar, ainda hoje você dá risadas. Novamente vou reclamar dos números musicais em filmes de comédias nacionais, mas neste filme o negócio enche o saco em uma proporção bem maior. Não que não tenha números musicais bons (Quando o bochechudinho dança de odalisca é muito bom), mas a maioria aporrinha a paciência. O filme, ao meu ver, é uma crítica socioeconômica do Brasil  da época. Podemos ver de forma cômica o problema da inflação, o medo ridículo da elite de uma revolução comunista (que culminou na ditadura militar de 1964 que acabou com nosso país) e até mesmo uma critica da dificuldade do povo nordestino em conseguir um lugar na cidade grande. O filme faz rir, mas te faz pensar também, se estiver atento.


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

DESAFIO À CORRUPÇÃO

Título Original: The Hustler
Diretor: Robert Rossen
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 134min

Sinopse: Fast Eddy (Paul Newman) é um jovem jogador de sinuca, que desafia o lendário Minnesota Fats (Jackie Gleason), um dos principais jogadores de sua época, para um duelo, sonhando ser o maior de todos.

Comentário: Um grande filme, ótima direção, ótimos atores e um belo roteiro. A sinuca, ao meu ver, é apenas o pano de fundo pra uma história muito mais profunda, sobre crescimento, amor, valores e muito mais. Paul Newman está ótimo, mas é Piper Laurie quem rouba a cena, a atriz de Twin Peaks está ótima, neste que deve ser o melhor papel de toda a sua carreira. Curiosidades sobre o filme, é que o mesmo teve uma sequência dirigida por ninguém menos que Martin Scorsese intitulado A Cor do Dinheiro e estrelado por Tom Cruise fazendo dupla com Newman. Este também é um filme que marca a atuação de Jake LaMotta, interpretando um bartender, o mesmo Jake LaMotta boxeador que teve sua biografia filmada por Martin Scorsese em O Touro Indomável.


ONZE HOMENS E UM SEGREDO

Título Original: Ocean's Eleven
Diretor: Lewis Milestone
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 127min

Sinopse: Onze amigos que se conheceram durante a Segunda Guerra Mundial se reúnem para elaborar um plano além de arriscado, totalmente mirabolante: assaltar cinco dos mais famosos cassinos de Las Vegas numa mesma noite.

Comentário: Não vou entrar em discussão aqui qual versão é melhor, não acho que este tipo de comentário caiba neste filme. Ao meu ver os dois filmes são completamente diferentes, com pontos positivos pra esta versão e com pontos positivos para o remake. Acho que este filme demora pra engrenar, o começo é muito desconexo, vai apresentando todos os personagens e tornando o filme repetitivo. É do meio pro final que ele toma forma, fica interessante e vai culminando pra um final eletrizante e que te deixa boquiaberto. Quando termina você quer mais uma meia hora de filme pelo menos. Preferi o desfecho deste filme que o do remake. Sinatra não canta, o que pesa pra ponto negativo no filme. Dean Martin e Sammy Davis Jr., em compensação, soltam um pouco a voz. Angie Dickinson é completamente dispensável para o enredo. Menção honrosa pra Cesar Romero, o eterno Coringa. Um filme que compensa ser assistido, mas apague que exista um remake antes, pra evitar comparações.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

SUA EXCELÊNCIA, O TRAPACEIRO

Título Original: Il Mattatore
Diretor: Dino Risi
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 97min

Sinopse: Gerardo Latini é um ator fracassado que não consegue emprego, revolve então aceitar fazer parte de um golpe, mas acaba na prisão. Lá, conhece Chinotto, com quem faz parceria para praticar alguns golpes quando estão em liberdades. Usando seus dotes artísticos de ator, Gerardo se torna um famoso golpista.

Comentário: Dino Risi fez dois filmes no ano de 1960, filmes completamente diferentes. Prefiro o Um Amor em Roma, mas este não deixa de ser muito bom. Vittorio Gassman, que interpreta Girardo, está muito bem no papel e consegue criar várias personalidades marcantes para seus diferentes personagens em diferentes golpes. Achei que em alguns momentos a história dá umas travadas, fica meio cansativo, o desfecho eu achei bem mais ou menos (o filme cai um pouco no pastelão sem necessidade nenhuma). É divertido, um filme que se mantém acima da média, mas não é nenhuma Brastemp.


O ESCÂNDALO DA PRINCESA

Título Original: A Breath of Scandal
Diretor: Michael Curtiz
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 93min

Sinopse: Na Viena de 1907, Olympia (Sophia Loren) é a princesa austríaca que, mesmo tendo sido expulsa da propriedade familiar por indiscrições escandalosas, não rejeita o desejo de sua mãe de que ela se case com um príncipe. Ao mesmo tempo dirige seus olhares para o engenheiro americano Charlie Foster (John Gavin).

Comentário:  Uma comédia romântica com a mesma qualidade que só esta época do cinema sabia fazer. Ela pode ser melosa, meio tontinha, com vários clichês, mas sabe fisgar o espectador com um roteiro sem nenhum furo e bem estruturado. Faltam bons roteiros em comédias românticas hoje em dia, me parece que é um gênero que foi sucateado. Sophia Loren está cada vez mais bonita em seus filmes. O que acontece com esta mulher? É praticamente uma Helena de Troia, com certeza uma das mulheres mais bonitas que caminharam pela Terra. Um filme divertido, daqueles que não envelhecem, dá pra assistir hoje em dia com a namorada de boa, porém não é melhor do que Começou em Nápoles do mesmo ano.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A LOJA DOS HORRORES

Título Original: The Little Shop of Horrors
Diretor: Roger Corman
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 72min

Sinopse: O filme conta a história de Seymour Krelboin (Jonathan Haze) que trabalha na floricultura e está apaixonado por Audrey (Jackie Joseph), que está saindo com o sádico dentista Orin Scrivello. Seymour adquire uma nova planta e dá a ela o nome de Audrey Júnior. Só que a planta precisa de carne e sangue humano para sobreviver - ela também fala - constantemente gritando Alimente-me! Seymour está desesperado na sua busca frenética para encontrar comida para Audrey Júnior.

Comentário: O filme está longe de ser o melhor trabalho do Corman, mas talvez seja um dos mais famosos. Também não é um dos melhores dele. A situação chega ao humor pastelão de tão bizarro que é o filme, mas também não deixa de ser engraçado e divertido. A cena com o Jack Nicholson é completamente nonsense, quase sem motivo pra existir no filme. O filme tem altos e baixos até no seu desenrolar, mas pra mim é acima da média, o final consegue surpreender. As cenas com os policiais são de gargalhar. Talvez seja um dos primeiros filmes de humor negro, onde o terror dá mais espaço pra comédia do que vice-versa. Existe um remake de 1986 (que teve a tradução correta aqui no Brasil, chamado de A Pequena Loja dos Horrores) e umas duas versões deste original colorido, mas não assisti nenhum deles pra poder comentar. Fico com este aqui em preto e branco mesmo.

A VIÚVA VALENTINA

Título Original: A Viúva Valentina
Diretor: Eurides Ramos
Ano: 1960
País de Origem: Brasil
Duração: 83min

Sinopse: Fazendo o papel de uma viúva (Valentina), Dercy Gonçalves se vê de repente assediada por dois grandes empresários que lutam pelo controle acionário de uma empresa. Tendo ganhado de seu finado marido umas poucas ações, estas, para sua sorte, transformam-se no fiel da balança na disputa entre os industriais.

Comentário: Os filmes com a Dercy Gonçalves desta época mantém um certo nível no quesito comédia, não saberia dizer qual é melhor ou pior entre eles. São bem balanceados entre si. Este, porém, tem um ponto positivo que os outros não tem, os números musicais são menores e não quebram a narrativa como em Minervina Vem Aí ou no Entrei de Gaiato. É interessante ver como as comédias brasileiras desta época tinham uma identidade muito forte dentro do cinema nacional. Todo o elenco trabalha muito bem e apesar de situações clichês, para os dias de hoje, é possível dar boas risadas.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

LOLA, A FLOR PROIBIDA

Título Original: Lola
Diretor: Jacques Demy
Ano: 1961
País de Origem: França
Duração: 90min

Sinopse: Em Nantes, o jovem Roland reencontra uma amiga de infância, Lola, agora dançarina de cabaret. Ela é mãe solteira e tem esperança de que o pai da criança, que a abandonou durante a gravidez, retorne. Roland se apaixona por Lola e finalmente encontra um sentido para a vida.

Comentário:  Um belo filme da Nouvelle Vague francesa, Jacques Demy já demonstra em seu primeiro filme ser um diretor de talento. Anouk Aimeé está ótima, além de bonita é extremamente talentosa como atriz, convence em todos os aspectos da personagem (Me lembrou muito Melina Mercouri atuando em Nunca aos Domingos). Marc Michel, em compensação, parece não estar tão bem no papel de Roland, não consegue ser muito cativante (Mas também não o achei tão bom ator no filme A Um Passo da Liberdade). O desfecho do filme não deixou nem um pouco a desejar, amarra muito bem todas as pontas soltas com todos os personagens. Recomendo para todos os amantes do cinema francês desta época.


REGRESSO AO LAR

Título Original: Tutti a Casa
Diretor: Luigi Comencini
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 117min

Sinopse: Na II Guerra Mundial, quando o regime fascista entra em colapso, soldados italianos procuram desligar-se da tropa e voltar para casa, mas são perseguidos como traidores pelos ex-aliados alemães e tropas fascistas que tentam resistir.

Comentário: O filme é muito bom, direção competente e um roteiro bem amarrado. A única coisa em que ele peca é no timing, achei que ele podia ter uns 20 minutos a menos, chega uma hora em que ele fica cansativo e se prolonga demais. O personagem principal não é muito cativante, tem horas que você gosta dele e e tem horas que não. Me senti mais cativado pelos coadjuvantes, não tem como não gostar do Ceccarelli (interpretado por Serge Reggiani). O filme me lembrou um pouco o Era Noite em Roma. O mais interessante é ver a visão dos italianos após a dissolução do exército fascista, uma bela aula de história com fatos peculiares que eu nem imaginava.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

ANO PASSADO EM MARIENBAD

Título Original: L'Année Dernière à Marienbad
Diretor: Alain Resnais
Ano: 1961
País de Origem: França
Duração: 94min

Sinopse: No luxuoso hotel, um estranho tenta convencer uma mulher casada a fugir com ele, alegando que ambos haviam tido um caso amoroso no ano anterior, em Marienbad. Mas a mulher não se lembra do relacionamento.

Comentário: Como o próprio personagem principal diz logo depois de uma hora de filme: "...O Tempo Não Diz Nada", frase extremamente reflexiva sobre tudo o que vem antes e depois durante a película. É um filme sobre o tempo, é ele o personagem principal e é preciso muita atenção pra não se perder nos labirintos do tempo ao longo do filme. Quando comecei a assistir estava achando chato, depois o filme fica bem interessante. Uma excelente direção. O filme é completamente sem linearidade nenhuma, quando achamos que estamos no presente, estamos no passado e vice-versa. Vale muito a pena assistir, mas é preciso um pouco de paciência e estar no clima pra um filme "difícil". A única coisa que não gostei, e achei que chega até a atrapalhar o filme, é a trilha sonora, deixa o filme cansativo e repetitivo... apesar que a repetição em si me parece ser proposital. Resnais foi realmente um dos gênios do cinema francês.