segunda-feira, 29 de setembro de 2014

CONFISSÕES DE UMA ESPOSA

Título Original: Tsuma Wa Kokuhaku Suru
Diretor: Yasuzo Masumura
Ano: 1961
País de Origem: Japão
Duração: 91min

Sinopse: Três alpininstas escalam o lado Norte do Monte Hodaka. Durante a subida, Ayako corta a corda para salvar a vida de Kôda, que é seu amante, matando o seu marido Takigawa. No julgamento, seu passado envolto de mistérios é gradualmente revelado.

Sinopse: Masumura é um bom diretor, mas está muito longe de caras como Kurosawa, Ozu, Naruse ou Kinoshita. Este filmes tem pontos positivos, como por exemplo, o ataque a sociedade machista (ia colocar sociedade machista japonesa, mas infelizmente o machismo não é exclusividade deles, e não acho a nossa sociedade tão diferente assim no quesito machismo da deles). As atuações são boas, mas o que eu realmente não gostei foi a construção dos personagens. Takigawa é o estereótipo do  marido malvado, o filme faz com que você goste da ideia de que ele morreu pelas mãos da esposa. A construção da Ayako é horrível, ela beira a uma débil mental, pois diferente da sinopse do filme, Kôda é amante dela só na cabeça dela. Ela age como uma completa imbecil durante o julgamento, tornando o filme um pouco inconsistente, vai procurar o "amante" durante o processo, enfim... age como uma completa louca mesmo. Kôda parece ser o personagem mais real no meio de tantas aberrações. Não gostei muito do desfecho. Enfim, tinha tudo pra ser um filme muito melhor.


TOTÒ, PEPPINO E AS FANÁTICAS

Título Original: Totò, Peppino e Le Fanatiche
Diretor: Mario Mattoli
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 88min

Sinopse: Totò e Peppino acabam em um asilo para loucos, entrevistados pelo médico do local eles vão restituir os fatos que os levaram até aquele lugar. Uma série de piadas e situações hilariantes que vão colocar em cheque suas respectivas sanidades ou será que eles são normais e é suas respectivas famílias que deveriam estar ali?

Comentário: O filme diverte, são várias pequenas situações contadas ao longo da película. Algumas são bem divertidas, outras nem tanto. Logo o filme tem aquela quebrada, com altos e baixos, como é comum em filmes assim. A direção é boa, mas são as atuações de Totò e Peppino, que estão excelentes, que conseguem segurar o telespectador. Um filme leve que tem que ser encarado como puro entretenimento. Algumas piadas estão datadas, como nos filmes do Jerry Lewis, parece que comédia é uma coisa de época, mas se não assistir com um olhar muito crítico, dá pra rir em várias situações.


sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A CHEGADA DO OUTONO

Título Original: Aki Tachinu
Diretor: Mikio Naruse
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 79min

Sinopse: Uma viúva recente, Shigeko, vai à casa de seu irmão em Tóquio com seu filho,que estudava na sexta série, Hideo. Tendo crescido no campo, Hideo não está acostumado à cidade e prefere a companhia de seu bichinho de estimação, Riki, um besouro. É quando conhece Junko, sua amiga inseparável.

Comentário: É o segundo filme que assisto de Mikio Naruse (Quando a Mulher Sobe a Escada) e já posso dizer que é um dos meus diretores japoneses preferidos. Simplesmente amei este filme. Me agrada muito filmes com uma visão do ponto de vista de uma criança, em 1960 houve vários filmes assim como: O Rolo Compressor e o Violinista, A Pomba Branca ou O Mundo Novo de Seryozha, mas nenhum deles consegue emocionar como A Chegada de Outono (e olha que tem um Tarkovsky aí no meio). Futaba Ichiki, a atriz que interpreta Junko, simplesmente é fantástica no papel, interpreta maravilhosamente a garotinha amiga do personagem principal. É um filme que amolece o coração de qualquer pessoa e te envolve de uma maneira impressionante. Uma filme memorável de um diretor excepcional.


CUPIDO NÃO TEM BANDEIRA

Título Original: One Two Three
Diretor: Billy Wilder
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 115min

Sinopse: Logo após a Segunda Guerra, MacNamara é o diretor da Coca-Cola na Alemanha Ocidental. Ele quer fazer de tudo para impressionar seus superiores em Atlanta, pois sabe que existe uma vaga para dirigir o escritório europeu em Londres. Por isso aceita, a pedido do chefe Hazeltine, tomar conta da filha dele, a jovem Scarlett. Mas a moça é uma peste. Em pouco tempo se apaixona e se casa com Otto Piffl, um rapaz da Alemanha Oriental e comunista. Sua tarefa será converter Piffl num capitalista e apresentá-lo ao chefe como um homem nobre. Só assim poderá conseguir sua promoção.

Comentário:  O que dizer das comédias de Billy Wilder? Esta não foge a regra e é ótima. O filme é uma propaganda capitalista, mas ao mesmo tempo faz paródia com o modo de vida americano, imagino a grana que a Coca-Cola deve ter dado pela publicidade de seu produto neste filme. Logicamente que a critica ao comunismo soviético aparece um pouco mais que a crítica ao modo de vida americano, exageram em um monte de coisas, mas não deixa de ser engraçado. Achei só o filme muito ligado no 220 volts, tem hora que tem tanto diálogo e é tão rápido que você chega a se perder na bagunça (porém o próprio ritmo pode ser interpretado como uma crítica a dinâmica capitalista, sem enaltecer o comunismo "porque é um filme americano na época de Guerra Fria, vale lembrar"), enfim, o filme pode gerar discussões por horas e horas, e é nisto que ele se torna uma obra tão boa.




quarta-feira, 24 de setembro de 2014

FANTASMAS EM ROMA

Título Original: Fantasmi A Roma
Diretor: Antonio Pietrangeli
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 97min

Sinopse: Um grupo de fantasmas que habita um velho palácio, faz de tudo para evitar que o mesmo seja vendido, para que não acabem no olho da rua.

Comentário: Marcello Mastroianni fez vários filmes em 1961, parece que tentou imitar o Belmondo em 1960 que também fez uma porrada. Cada filme novo que assisto com Mastroianni, mais eu gosto dele, estou virando fã. Antonio Pietrangeli é um diretor bem versátil, este filme é completamente diferente do seu anterior (Adua e Suas Companheiras), e apesar de ser um pouco clichê, consegue divertir bastante. O nível de seus filmes são constantes, não são uma obra prima, mas estão acima da média de vários outros filmes do mesmo gênero. Como já disse, Mastroianni brilha, mas o restante do elenco parece se completar muito bem, a participação de Vittorio Gassman rouba a cena em seus momentos e ver os dois grandes atores italianos atuando juntos já vale a pena assistir o filme. Sandra Milo, mesmo não tendo tanto destaque, consegue mostrar sua beleza e talento quando aparece.


ESSA LOIRA VALE UM MILHÃO

Título Original: Bells Are Ringing
Diretor: Vincente Minnelli
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 126min

Sinopse: Judy Holliday reprisa aqui seu papel premiado na Broadway com um Tony, vivendo a jovem Ella, moça que trabalha na central telefônica de Nova York. Com o dia movimentado desde cedo, é ela quem ajuda as pessoas a despertarem ou marcar compromissos na agenda. Este foi seu último trabalho e que marcou também o fim da parceria entre Arthur Freed e Vincente Minnelli. Dean Martin faz o papel de um briguento escritor que se enche de surpresa ao descobrir a verdadeira identidade da "Mamãe".

Comentário: Último filme de Judy Holliday que veio a falecer de um câncer nos seios em 1965. A direção é ótima, a atuação de Dean Martin está bem convincente, mas é Judy que rouba a cena. Ela está impecável no papel de Ella, consegue transmitir exatamente como é a personagem. A ideia de se ter um serviço de recados nos dias de hoje torna o filme datado, mas não menos interessante. Algumas canções são ótimas, outras nem tanto. O filme é uma bela comédia romântica, consegue divertir bastante, com várias outras histórias de pano de fundo que se entrelaçam muito bem com a trama principal. Vincente Minnelli foi um dos mais importantes diretores de musicais de sua época, tendo uma ótima mão pra não deixar o filme cair de ritmo. Todos os personagens conseguem cativar o público. Vale a pena conferir. Péssima tradução do título original.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

UM GOSTO DE MEL

Título Original: A Taste Of Honey
Diretor: Tony Richardson
Ano: 1961
País de Origem: Inglaterra
Duração: 96min

Sinopse: A emocionante história de uma jovem que tem uma mãe relapsa. Apaixona-se por um marinheiro negro, mas ele a deixa por conta do trabalho. Grávida e sem apoio, encontra seu porto seguro na amizade com garoto gay que estará ao lado dela nas horas mais difíceis.

Comentário: O filme é famoso pelas referências que a banda The Smiths fizeram a ele, na música "This Night Has Opened My Eyes" Morrissey canta o diálogo "O sonho acabou, mas o bebê é real". Eu esperava um pouco mais do filme. Principalmente porque o desfecho não me agradou gerando uma inconsistência no desenvolvimento da personagem. Fica difícil engolir que Jo não tenha amadurecido nem um pouco depois de tudo que passou ao longo do filme (Não, não estou revelando nada que atrapalhe o filme). A relação difícil com a mãe parece nunca se desenrolar para um próximo passo, tudo é estagnado, e em relação a isso eu esperava algo mais. O grande prêmio do filme vai para o ator Murray Melvin, que interpretou Geoffrey maravilhosamente bem. O filme é cheio de diálogos profundos, é muito bom, mas não acho que está no mesmo patamar de Tudo Começou no Sábado, por exemplo, que tem um estilo parecido.


COM AMOR NO CORAÇÃO

Título Original: Tammy Tell Me True
Diretor: Harry Keller
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 97min

Sinopse: Tammy deixa o rio Mississippi para ir à faculdade, desenvolvendo um relacionamento com Tom Freeman (John Gavin). Sandra Dee substitui Debbie Reynolds no papel principal. O filme também apresenta um tema musical novo, “Tammy Tell Me True", e a personagem da Sra. Annie Call, interpretada pela veterana Beulah Bondi.

Comentário: Assisti ao filme sem saber que era continuação de A Flor do Pântano de 1957, onde a personagem Tammy é interpretada por Debbie Reynolds. É um filme bobinho, mas acaba te conquistando exatamente por não ser nem um pouco pretensioso. Os personagens são a força do filme, conseguem te conquistar, principalmente a Sra. Annie Call (interpretada por Beulah Bondi). Sandra Dee consegue convencer bem como uma sulista americana, o que é surpreendente já que ela era de New Jersey. Pra quem estiver com vontade de uma comédia romântica bem água com açúcar é uma boa pedida. A mensagem do filme, que preza pela simplicidade da vida, dá um bom paralelo com este mundo de hoje que preza pela ostentação e idolatria a tecnologia.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

SOMBRAS DE UM ADULTÉRIO

Título Original: La Proie Pour L'ombre
Diretor: Alexandre Astruc
Ano: 1961
País de Origem: França
Duração: 91min

Sinopse: Mulher frustrada com seu casamento e dependência financeira, envolve-se com um amante e tenta encontrar alguma satisfação na vida. Apesar da liberdade e das novas possibilidades que surgem, não consegue superar seu permanente conflito interior e o desejo de simplesmente ficar sozinha.

Comentário: O filme começa meio sem te prender, quando você chega na metade percebe que está completamente preso nele, te envolve bem aos poucos sem que você perceba. O desfecho não é nada do que eu esperava, não gostei, mas também não desgostei, porém acho que não poderia ser diferente. O amor é uma coisa complicada, talvez este filme consiga expressar o quão complicado ele seja. Talvez o amor não surja de quem nos faz bem, talvez o amor seja egoísta, não sei... só sei que é uma merda! O filme me lembrou, em algumas partes, ao filme Mais Uma Vez Adeus. Um filme complexo, com uma bela construção de personagens e uma competente direção. Só sei que se eu fosse mulher, este Christian Marquand, que faz o papel do Bruno, me deixaria completamente apaixonada.


DIVÓRCIO À ITALIANA

Título Original: Divorzio All'Italiana
Diretor: Pietro Germi
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 105min

Sinopse: O barão Fefé Cefalu está entediado com a vida e a mulher, Rosalia. Ele se apaixona pela prima Ângela quando os dois passam o verão juntos no mesmo castelo. Como o divórcio era impossível na Itália nos anos 60, ele decide matar a esposa simulando uma situação de adultério, o que o livraria da cadeia.

Comentário: Um filme divertidíssimo, ri muito. A história parece boba, mas é perfeita, uma critica descarada do machismo do povo italiano. Até as partes fracas são ótimas, por beirar de um jeito tosco proposital que faz a gente rir do que o diretor quiser que a gente ria. Marcello Mastroianni é uma coisa a parte, foi com certeza um dos melhores atores da história, muito melhor que nomes mais consagrados como Marlon Brando, por exemplo, dá um show de atuação, muito diferente dos papéis sérios e profundos que estamos habituados com ele. A chupadinha que ele dá no dente, hahahahahahaha! Um filme não tão famoso, mas que vale muito a assistida, um final ótimo. Uma das melhores comédias italianas descompromissadas que eu já assisti.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

OS COMANCHEROS

Título Original: The Comancheros
Diretor: Michael Curtiz
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 107min

Sinopse: Em 1843 um capitão do Texas Rangers, Jake Cutter (John Wayne), prende um jogador, Paul Regret (Stuart Whitman), que teve o azar de matar em um duelo o filho de um juiz. Porém, ao retornarem, se unem para acabar com os comancheros, brancos que vendem armas e bebidas para os índios, tornando-os violentos.

Comentário: Sou sempre suspeito pra falar de um filme do John Wayne, acho que todos estão sempre acima da média e estão sempre os melhores do gênero. Sou fã dele assumido e meu quarto conta com três quadros desta lenda do cinema. Deixando o tietismo de lado, a primeira parte do filme é bem melhor, o conflito entre os personagens vividos por Wayne e Whitman dão o tom do filme, parece que depois que este conflito acaba o filme perde um pouco seu ritmo. A meia hora final decai um pouco do que tinha sido o filme até ali. A direção de Curtiz é ótima, as atuações também estão muito boas. A participação de Lee Marvin sem um pedaço do escalpo é memorável. Vale a pena a conferida, um filme com John Wayne é sempre como um álbum do AC/DC, você sabe exatamente o que está comprando (não que todos os filmes são iguais, mas tem o seu ritmo e mantém a sua marca de qualidade).


A FACA

Título Original: Het Mes
Diretor: Fons Rademakers
Ano: 1961
País de Origem: Holanda
Duração: 85min

Sinopse: Thomas é um jovem que está entrando na puberdade. Ele está resentido com sua mãe, pois esta mantém um romance com Oscar, o melhor amigo de seu marido, já morto. Thomas, por sua vez se sente confuso pelos sentimentos que pensa ter por Toni, uma amiga de seu bairro. Um certo dia, Thomas rouba uma faca cerimonial de uma exposição para tentar impressionar a Toni. A faca é seu refúgio, lhe dá uma sensação de poder. Em meio a todos esses sentimentos confusos, Thomas ainda se sente sozinho e excluído por sua mãe, por conta da presença de Oscar, percebendo a necessidade de "se tornar um homem".

Comentário: Um filme forte, gosto de filmes onde tentam passar a visão de uma criança ou adolescente. Aqui tudo é bem arquitetado, o sentimento de solidão e exclusão do garoto Thomas. A relação dele com a jovem Toni também é muito legal, beirando a inocência e a atração sexual ao mesmo tempo. A mãe do garoto é uma tremenda imbecil, fico me indagando se existem mães assim, e depois de refletir pensei que devem existir aos montes. O ritmo do filme às vezes cansa um pouco, você não sabe exatamente onde o diretor que te levar, mas acho que é assim na cabeça de um garoto de 12 ou 13 anos. O que eu mais fiquei pensando depois de assistir ao filme é o que terá acontecido com este garoto em sua vida adulta... fica aquele gosto de observar como seu ambiente familiar fodeu com sua cabeça no futuro.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

AMOR IMORTAL / O INESQUECÍVEL

Título Original: Eien No Hito
Diretor: Keisuke Kinoshita
Ano: 1961
País de Origem: Japão
Duração: 102min

Sinopse:
Heibei (Nakadai) é um jovem que retorna para casa após lutar na II Guerra, e força o seu casamento com Sadako (Takamine) após violentá-la e usar sua influência para convencer o pai da garota. A partir daí, o casal vive uma relação conflituosa, pois Sadako era apaixonada por Takashi (Keiji Sada), um combatente japonês que Heibei odiava desde criança. Amor Imortal (também intitulado O Inesquecível) foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Comentário: É interessante ver que aqui, como em seu filme anterior (O Rio Fuefuki), o tempo é quase que o personagem principal da história. Keisuke Kinoshita parece se preocupar muito com o impacto que determinadas escolhas e ações repercutem ao longo do tempo. Do começo do filme até o seu final somos inundados em 30 anos de história dos personagens e é aí que reside a força do filme como um todo. Com cenas muito impactantes e personagens que nos fazem pensar e sentir uma avalanche de sentimentos. É lógico que é muito fácil sentir ódio de Heibei, mas teve momentos que senti o mesmo ódio por Takashi (seja por sua passividade, seja por ser um completo bunda mole). No meio de tudo isso, o drama de Sadako toma proporções enormes. O desfecho pode não agradar a todos, mas ao meu ver, foi muito bonito. Um filme atual e que leva muito a reflexão da situação em que mulheres viveram e vivem ainda nos dias de hoje, de total submissão frente aos valores machistas da sociedade.


AS ARMAS DAS ÁRVORES

Título Original: Guns Of The Trees
Diretor: Jonas Mekas
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 87min

Sinopse: Quatro jovens tentam entender porque sua amiga, uma jovem mulher, cometeu suicídio. Um filme composto por cenas desconexas entrelaçadas entre o presente e o passado. O título é originário de um poema de Stuart Perkoff que diz que alguns jovens sentiam (por volta de 1960) que tudo estava contra eles, de tal forma que até as árvores nos parques e nas ruas pareciam ser armas apontadas contra suas próprias existências.

Comentário: Um filme visceral, fazia tempo que eu não via um filme assim, tão diferente e que me tocasse da maneira que me tocou. A falta de linearidade e os pequenos toques surrealistas parecem te sufocar aos poucos. O que me incomodou bastante foi o tom pessimista do filme, você quer argumentar com uma geração que vive nos anos 60, gritar pra eles daqui que tudo vai ficar bem, que não tem porque se preocupar tanto com uma explosão nuclear, mas eles não escutariam de qualquer jeito. O filme é quase uma poesia, e logicamente que a participação mais que especial de Allen Ginsberg, lendo seus próprios poemas, ajudou muito pra manter o clima do filme. O tema do suicídio e a pergunta "Porque uma pessoa se suicidaria nos dias de hoje?" tem um impacto pessoal em mim que talvez não tenha em outra pessoa. O filme me fisgou de uma maneira completamente pessoal, mas mesmo assim eu o recomendo para qualquer pessoa que esteja habituada a não assistir só filmes comerciais. Uma incrível experiência!


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A NOITE

Título Original: La Notte
Diretor: Michelangelo Antonioni
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 115min

Sinopse: Após dez anos de casamento, Lídia e Giovani passam uma noite permeada de momentos de angústia e luxúria, numa busca involuntária de respostas para a crise de seu relacionamento. Segundo filme da célebre "trilogia da incomunicabilidade", formada ainda por A Aventura e O Eclipse.

Comentário: O que falar deste filme? Uma direção impecável, atuações excelentes e um roteiro da mais pura realidade possível. Segunda parte da trilogia da incomunicabilidade e muito superior ao A Aventura, que não me agradou muito, neste podemos ver bem porque Antonioni é tão importante para a história do cinema, retratando a vida como ela é, a apatia e o doloroso caminho do fim de um amor. O desfecho é estupendo e mais uma vez Antonioni força o telespectador a refletir. Jeanne Moreau pode não ser párea para a beleza de Monica Vitti, mas quando o assunto é talento, ela da um show de atuação e digo também que ela foi uma das atrizes mais talentosas de seu tempo. Mastroiani não fica muito atrás. Agora falando da beleza da Monica Vitti, é realmente impressionante, de acabar com o fôlego de qualquer um! São tantas cenas que me tocaram em particular que fica difícil até fazer uma lista. Obra obrigatória para todo amante de cinema.


A GRANDE FEIRA

Título Original: A Grande Feira
Diretor: Roberto Pires
Ano: 1961
País de Origem: Brasil
Duração: 91min

Sinopse: Feirantes de Água de Meninos, em Salvador, são ameaçados de despejo por uma empresa imobiliária. Os moradores dessa feira permanente procuram lutar para conservar o terreno. Por intermédio dessa trama sucinta, uma série de temas se entrelaçam: a condição da mulher, a demagogia eleitoral, a política petrolífera, o racismo, a idéia da revolução, o imperialismo, etc. A estrutura social brasileira aparece dividida entre os ricos e o povo marginalizado, num universo miserável e corrupto, onde tudo vale.

Comentário: Um ótimo filme nacional, com personagens muito bem construídos. Não há nenhuma forçação  de barra para ter um final feliz ou triste para nenhum dos personagens, tudo é como é. Luiza Maranhão talvez tenha interpretado, se não a primeira, uma das mais fortes protagonistas femininas da história do cinema nacional, sua atuação é perfeita e ela está linda. Geraldo Del Rey tem em mãos, neste filme, seu personagem mais complexo e fiel aos seus valores. Uma critica social bem amarrada em uma história, que se não é original, pelo menos consegue prender o telespectador muito bem. Filme envelheceu bem e continua bem atual.


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

AMOR, SUBLIME AMOR

Título Original: West Side Story
Diretores: Robert Wise & Jerome Robbins
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 147min

Sinopse: No lado oeste de Nova York, à sombra dos arranha-céus, ficam os guetos de imigrantes e classes menos favorecidas. Duas gangues, os Sharks, de porto-riquenhos, e os Jets, de brancos de origem anglo-saxônica, disputam a área, seguindo um código próprio de guerra e honra. Tony (Richard Beymer), antigo líder dos Jets, se apaixona por Maria (Natalie Wood), irmã do líder dos Sharks, e tem seu amor correspondido. A paixão dos dois fere princípios em ambos os lados, acirrando ainda mais a disputa.

Comentário: Não sou lá muito fã de musicais, mas é um ótimo musical. Fazer um filme assim deve ser bem fatigante, todos os ensaios, coreografias e música. Ótima direção, Robert Wise é mestre! Impressionante como a Natalie Wood conseguiu convencer como porto-riquenha e ainda atuar bem neste papel (detalhe para que no mesmo ano atuou no filme Clamor do Sexo, dois papéis difíceis no mesmo ano só uma atriz com um algo mais mesmo). Só acho que o "amor" entre os personagens principais um pouco exagerado, o filme inteiro se passa em dois dias e ele conhece ela no final do primeiro dia, e BAM!, estão perdidamente apaixonados. Devo ter virado um velho ranzinza e chato, mas não acredito mais neste tipo de amor. No mais, é engraçado ver um pessoal de gangue (estereótipos de machões briguentos) se movimentando com ballet, fica bonito, artístico e engraçado ao mesmo tempo.


PARIS NOS PERTENCE

Título Original: Paris Nous Appartient
Diretor: Jacques Rivette
Ano: 1961
País de Origem: França
Duração: 135min

Sinopse: Anne Goupil é uma jovem parisiense estudante de literatura. Encontra-se por acaso com um grupo de teatro que ensaia arduamente Péricles, de Shakespeare, mesmo sem nenhum recurso financeiro. Ao mesmo tempo em que aceita o desafio de atuar na peça, Anne se descobre completamente envolvida numa misteriosa conspiração política cujos adeptos suicidam-se inesperadamente. O apocalipse iminente desestabiliza todas as suas convicções.

Comentário: O ritmo do filme é o seu pior inimigo, se arrasta em vários momentos, porém no geral eu gostei bastante. Betty Schneider, que interpreta Anne, consegue segurar o filme em vários momentos, muito bonita e talentosa tendo trabalhado pouquíssimo em filmes. Este poster me incomoda bastante por não ter ela, já que se trata da protagonista. A história por trás de toda a enrolação do filme demonstra bem a situação instável da política mundial em que o mundo vivia no pós-guerra, o medo do fascismo, do controle social, o filme é bem Orwelliano em quase todo os aspectos. E apesar do final ser fraco para alguns, eu achei muito bom, já que para mim, ficou tudo bem aberto para se pensar sob várias perspectivas diferentes sobre tudo. Podia ser melhor? Sim, mas ainda assim gostei bastante.


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A MOÇA COM A VALISE

Título Original: La Ragazza Con La Valigia
Diretor: Valerio Zurlini
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 121min

Sinopse: A bela e jovem mulher Aida Zepponi (Claudia Cardinale) se vê sozinha em Parma, após ser abandonada pelo amante, Marcello (Corrado Pani). Mesmo assim ela localiza o endereço dele. Marcello pede para que Lorenzo (Jacques Perrin), seu irmão mais novo, se livrar dela, mas logo surge entre Aida e Lorenzo uma sólida amizade. Apesar dele ser mais novo, Lorenzo se apaixona por ela de tal maneira que faz tudo para agradá-la, inclusive lhe pagando coisas com um dinheiro que não é dele.

Comentário: Um filme forte e intenso. Claudia Cardinale em um de seus primeiros papéis como protagonista (se não o primeiro) consegue levar o filme muito bem. Os personagens são bem trabalhados e são muito bem desenvolvidos ao longo do filme, achei que a meia hora final quebrou um pouco o ritmo que vinha tendo até então, me pareceu ter alguma coisa de desnecessário. A direção de Zurlini enche os olhos, não conhecia nada do diretor até então. O desfecho do filme me pegou desprevenido, fica na cabeça por um tempo, você gosta e desgosta. Gosto de filmes com o desfecho assim, que te façam pensar.

A MÁSCARA DO HORROR

Título Original: Mr. Sardonicus
Diretor: William Castle
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 90min

Sinopse: Sir Robert Cargrave é um eminente cirurgião que desenvolveu uma nova técnica de relaxamento muscular. Ele é convocado por seu amor, Maude, que agora está casada com o Barão Sardonicus. Quando ele chega, encontra moradores que vivem no medo. O Barão é um homem estranho, não menos porque ele cobre o rosto com uma máscara. Eventualmente ele diz a Sir Robert a história de como ele adquiriu sua aflição atual - seu rosto está congelado e é terrivelmente desfigurado. Apesar de Sir Robert não medir esforços, ele não pode voltar o rosto normal do Barão Sardonicus. O Barão no entanto obriga-o a continuar tentando, ameaçando prejudicar Maude se ele se recusar.

Comentário: O filme é bem interessante, com um roteiro bem construído e envolvente (muito superior ao filme 13 Fantasmas que Castle havia realizado anteriormente, mas infelizmente menos conhecido). O paralelo que se constrói entre o problema de Sardonicus e a lenda das criaturas conhecidas como "Ghoul" me deixou em êxtase (quando eu era pequeno tinha uma coleção de monstros de borracha das mais variadas lendas, me lembro de ter tido um "Ghoul". Não, eu não fui uma criança dentro dos padrões). As atuações são competentes e a maquiagem do rosto de Sardonicus ficou bem legal. William Castle interage com a audiência durante o filme, dando um clima bem nostálgico (estas interações são marca registrada de William Castle, fazendo com que uma multidão fossem ao cinema na época). Um filme bem acima da média dentro do gênero.


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

MADRE JOANA DOS ANJOS

Título Original: Matka Joanna od Aniolów
Diretor: Jerzy Kawalerowicz
Ano: 1961
País de Origem: Polônia
Duração: 103min

Sinopse: Passado no século XVII, o filme conta a história de freiras possuídas pelo demônio. Um dos primeiros filmes a tocar no tema de exorcismo. O filme é um clássico do cinema europeu que ganhou o prêmio do Júri no Festival de Cannes em 1961.

Comentário: O filme é muito bom, me lembrou muito Bergman em muitos aspectos técnicos e no roteiro. Diálogos densos, o silêncio quase como parte do cenário, tomadas maravilhosas. Só acho que o filme perde a mão em algumas sequências, parece não haver contato entre o telespectador e pontos da história que ficam sem muito pretexto, mal trabalhados, não que diminuam demais a experiência de assistir ao filme. O diálogo com o rabino é uma das minhas cenas preferidas, mas em alguns momentos parece rolar uma certa prepotência do diretor. É um filme para se rever de novo e que com certeza fez escola, já que é o primeiro filme a retratar o tema exorcismo, e diga-se de passagem, talvez a melhor maneira que já tenha sido retratado. Interpretações muito boas, história boa, mas é a direção que enche os olhos de satisfação.


A PRESA

Título Original: Shiiku
Diretor: Nagisa Ôshima
Ano: 1961
País de Origem: Japão
Duração: 105min

Sinopse: Em uma aldeia japonesa durante os dias finais da Segunda Guerra Mundial, um soldado americano negro é capturado pelos camponeses. Isso desencadeará os conflitos latentes naquela comunidade.

Comentário: Gosto muito dos filmes do Ôshima, tenho um grande respeito com o diretor (Noite e Neblina no Japão figura entre meus filmes favoritos), mas eu acho que neste ele errou a mão. Bem, não necessariamente errou a mão, mas o filme não é agradável de assistir, talvez seja este o objetivo, na verdade eu acredito que foi este o objetivo. O filme é sufocante, opressivo e claustrofóbico, porque tudo é caótico, tudo é jogado no ar de uma maneira que não estamos acostumados. A direção do Ôshima continua forte e maravilhosa, mas o filme em si não me agradou. O conflito entre a aldeia e o negro capturado ficou meio de lado e me parece não muito bem desenvolvido durante o filme. Os personagens são apresentados de maneira tão desordenada e complexa que é difícil nos identificarmos com eles. O filme não é ruim, que fique bem claro, apenas não me agradou por motivos puramente pessoais. Achei muito abaixo da média dos outros do diretor, me lembrou os primeiros trinta minutos de O Túmulo do Sol, só que em um filme inteiro, que não fica mais fácil de assistir com o tempo. Angustiante.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A LEI DOS MARGINAIS

Título Original: Underworld, U.S.A.
Diretor: Samuel Fuller
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 98min

Sinopse: Aos quatorze anos, Tolly Devlin, um pequeno delinqüente, vê seu pai sendo assassinado em um beco. Vinte anos mais tarde, descobre que os assassinos fazem parte do alto escalão do sindicato do crime, e infiltra-se nele para colocar sua vingança em prática.

Comentário: Um ótimo filme noir do diretor Samuel Fuller. Tudo se encaixa muito bem e até os clichês ficam bem no filme. A condução de todo o clímax é excelente e alguns diálogos são ótimos. Cliff Robertson, que infelizmente só é conhecido pelo papel do Tio Ben nos filmes do Homem Aranha do Sam Raimi, mostra que é um grande ator neste filme, me espantou o fato dele nunca ter despontado em Hollywood como outros astros. O cara era bonitão, atuava bem e ainda tinha aquele jeito de canastrão que combina em todo o filme de crimes da época. A atriz Dolores Dorn também merece ser citada, já que consegue passar uma naturalidade a personagem, também caiu no anonimato, fazendo muitos filmes para a TV ao longo da carreira. Indico para qualquer pessoa que curta um filme policial noir, porém este filme é um pouco mais sombrio que os usuais do gênero.

O COLOSSO DE RODES

Título Original: Il Colosso di Rodi
Diretor: Sergio Leone
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 127min

Sinopse: Um herói militar grego chamado Darios está visitando seu tio em Rodes, no ano de 280 antes de Cristo. A cidade acabou de construir um enorme Colosso em homenagem a Apolo para guardar o seu Porto e está planejando uma aliança com a Fenícia para atacar a Grécia. Ao mesmo tempo em que Darios flerta com a bela Diala, ele se envolve com rebeldes que querem tirar o tirânico rei Serse do poder.

Comentário: O grande diferencial do filme é a direção do Sergio Leone, é impressionante imaginar que este é o primeiro filme do cineasta. Uma produção gigante, com vários atores, uma multidão de figurantes e bons efeitos especiais. O estátua gigante é muito bem feita e não acho que tenha ficado datada pros dias atuais. A história é cheia de clichês,  tem pontos altos e baixos, consegue surpreender em alguns momentos. O final é meio simplista, lembra um pouco alguns filmes hollywoodianos. No geral é um filme agradável de assistir, mas deve figurar como o filme mais fraco de Sergio Leone, mas se analisarmos que é o primeiro filme do diretor, então temos que concordar que é um filme grandioso.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A MALDIÇÃO DO LOBISOMEM

Título Original: The Curse of the Werewolf
Diretor: Terence Fisher
Ano: 1961
País de Origem: Inglaterra
Duração: 93min

Sinopse: Sobre um bebê indesejado, nascido na noite de Natal, caiu uma terrível maldição. Criado por Don Alfredo, o jovem Leon passa a sofrer transformações com a chegada da lua cheia. Só o amor verdadeiro e a compreensão podem salvá-lo de seu terrível destino.

Comentário: Os filmes do Terence Fisher que já assisti seguem um certo padrão: estão longe de serem excelentes, mas também não são ruins. Divertem e entretém muito bem. Este filme não foge a regra, com pontos fortes e fracos durante a trama (mesmo nível do As Noivas do Vampiro). O desfecho do filme acontece de maneira muito rápida, sem muita emoção. O ator Oliver Reed, que interpreta o lobisomem, me lembrou uma mistura de Hugh Jackman com Javier Bardem. A maquiagem do lobisomem ficou bem legal, não achei datada nem um pouco, lógico que com essas tecnologias feitas em computação gráfica é difícil competir, mas no geral ficou ótima. Foi o único filme de lobisomem produzido pela Hammer, produtora de filmes de terror da Inglaterra. Mas o que é aquela Yvonne Romain (que interpreta a serva muda) minha gente? É muita beleza pra uma mulher só!