quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A CONQUISTA DO OESTE

Título Original: How The West Was Won
Diretores: John Ford, Henry Hathaway & George Marshall
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 164min

Sinopse: A saga dos colonizadores americanos, contada através da história de três gerações da família Prescott, descrevendo os perigos e aventuras vividos pelos pioneiros desbravadores do Oeste americano.

Comentário: O filme conta com três grandes diretores do gênero, a parte do John Ford é a menor e me parece que ele estava mais para dar peso ao filme, que trata rapidamente sobre a Guerra Civil com participação especial de John Wayne. O filme como um todo é bem legal, consegue mostrar a passagem do tempo de uma maneira que flui bem, mas o que chama bastante a atenção é o destaque para as personagens femininas, coisa incomum neste gênero, que em vários momentos é explorado a força das mulheres pioneiras. As quase três horas de filme passam bem rápidas, não é um filme que se arrasta. Achei que na última história podiam explicar um pouco mais a rixa que os dois antagonistas tem um pelo outro, podiam ter explorado mais isso. Um bom faroeste pra final de tarde.


AS TERMAS DE AKITSU

Título Original: Akitsu Onsen
Diretor: Yoshishige Yoshida
Ano: 1962
País de Origem: Japão
Duração: 112min

Sinopse: No verão de 45, o estudante Shusaku chega às termas de Akitsu para tratar a tuberculose que contraiu durante a guerra. É ajudado pela arrumadeira Shinko, e os dois jovens se apaixonam. Quando ficam sabendo da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, tentam um suicídio, mas não conseguem concretizá-lo, e Shusaku volta para a cidade. Os amantes continuam a se encontrar, mas nunca estabelecem uma relação sólida.

Comentário: Dizem que este filme do Yoshida foge um pouco do estilo dele, bem, este é o terceiro que assisto e na minha opinião fecha quase como uma trilogia dos piores comportamentos masculinos. No filme O Imprestável temos Jun, que até nos gera simpatia (é o melhor dos três), mas tem como característica marcante a falta de maturidade, Jun parece não conseguir crescer, não assume muita coisa, quer viver como adolescente pra sempre. No filme O Fim Amargo de uma Noite Doce temos Tezuka, achei que ninguém conseguiria ser pior que ele, um ser que tem como característica básica a cobiça, só pensa em dinheiro, nada mais importa para ele. Aqui, neste filme, temos Shusaku, que consegue ser o pior dos três, sua característica principal é o egoísmo, é um ser que só pensa nele mesmo, não me parece se importar com Shinko em nenhum momento do filme. O filme é um dramalhão, mas dos dramalhões que assisti é um dos melhores. Tenho que mencionar a música de Hikaru Hayashi, que é uma das coisas mais maravilhosas do filme, mesmo ficando um pouco repetitiva durante o filme é ótima e consegue conduzir o ritmo dos acontecimentos muito bem. Um belo filme japonês de Yoshishige, direção maravilhosa. O filme cansa um pouco, parece não sair do mesmo lugar em alguns momentos, mas no geral eu gostei.


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O DESMEMORIADO DE COLLEGNO

Título Original: Lo Smemorato di Collegno
Diretor: Sergio Corbucci
Ano: 1962
País de Origem: Itália
Duração: 87min

Sinopse: A história é baseada em um caso real acontecido em Bruneri, Canella, Itália, em 1926. Um homem é internado em uma clínica psiquiátrica depois de ter sido encontrado no sanitário público onde se trancou por mais de catorze horas. Sofria de amnésia e, com esse gesto, pretendia chamar atenção para seu caso na tentativa de ser reconhecido por alguém. Com a divulgação desse acontecimento pela imprensa, muitos mal-intencionados tentaram se aproveitar do pobre desmemoriado de Collegno, município italiano da região do Piemonte, província de Turim.

Comentário: Dos filmes com o Totò que assisti com direção do Sergio Corbucci, este é o segundo melhor, ficando atrás apenas do Os Dois Marechais. A película é uma comédia em algumas partes e um drama em outras. Totò era um grande ator, conseguia passar de um momento cômico pra um momento dramático com uma facilidade que são para poucos. É um filme com uma boa direção, consegue cumprir o proposto e Totò consegue estar sempre no centro das atenções. É diferente de outros filmes, onde ele divide as cenas com outros atores (Peppino De Filippo, Vittorio De Sica, Ugo Tognazzi ou Anna Magnani só pra ficar em alguns exemplos), neste filme não acontece isso, os coadjuvantes são meros coadjuvantes, não conseguem se destacar muito.


DAVID E LISA

Título Original: David and Lisa
Diretor: Frank Perry
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 95min

Sinopse: Dois adolescentes emocionalmente perturbados e com graves problemas psicológicos começam a se relacionar. Numa clínica psiquiátrica, recebem a ajuda de um médico dedicado que tentará fazer com que os dois superem seus conflitos.

Comentário: Quando o filme começa você pensa que está assistindo a um filme do Roger Corman ou William Castle: a música pesada e um hospício que parece um castelo antigo assombrado, mas não existe nenhum Vincent Price morando lá dentro. A direção é competente, não é à toa que Frank Perry ganhou o prêmio de melhor diretor estreante no Festival de Veneza daquele ano, mas são os atores que sustentam todo o filme. Keir Dullea, que viria a estourar no papel principal de 2001 - Uma Odisseia no Espaço do Kubrick, demonstra enorme talento aqui. Janet Margolin, que não chegou a estourar como atriz e acabou falecendo aos 50 anos vítima de um câncer, consegue chamar toda a atenção pra ela nas cenas em que está presente, com suas rimas e ataques de esquizofrenia. Chegaram a fazer um remake para a televisão estrelado pela Brittany Murphy em 1998, mas duvido muito que ela tenha conseguido chegar aos pés da interpretação de Janet Margolin. Um filme bonito, com um final comercial, mas vale a pena a conferida.


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

ARMADILHA DO DIABO

Título Original: Ďáblova Past
Diretor: František Vláčil
Ano: 1962
País de Origem: Checoslováquia
Duração: 84min

Sinopse: Um moleiro valendo-se de seus rudimentares conhecimentos científicos sobre a terra consegue encontrar um aquífero subterrâneo e prosperar durante a forte seca do verão. Seu sucesso causa a inveja do governante local pelas terras. O moleiro é acusado de bruxaria devido ao seu milagroso sucesso e um padre é enviado pela inquisição para investigar sua suposta ligação com o demônio. Ambientado na Boêmia do século XVI, o conflito entre fé e razão marca o primeiro filme da trilogia medieval de František Vláčil.

Comentário: Um filme muito interessante sobre o grande debate entre fé e ciência, e muito provavelmente uma crítica de como a igreja, durante o período medieval, impediu o crescimento científico e intelectual das pessoas. O padre é uma grande incógnita no filme pra mim, parece ser uma pessoa com a mente aberta em determinados momentos e o oposto em outros, só vai se revelar mesmo lá pro final do filme. O moleiro é um personagem interessantíssimo, mas achei mal trabalhado, ficou muito de pano de fundo para dar destaque ao filho e sua história de amor (que também não deixa de ser interessante), focando o preconceito que seus próprios semelhantes tem com ele pelas histórias de bruxaria de sua família. A direção de Vláčil é ótima, há movimentos de câmeras geniais, vou compará-lo novamente ao Tarkovski como fiz em A Pomba Branca, mesmo este filme lembrando mais Bergman, ele tem muito do talento do diretor russo. Um grande diretor que deveria ser sempre lembrado no hall da fama dos diretores, muito subestimado, uma pena.


CÍRCULO DO MEDO

Título Original: Cape Fear
Diretor: J. Lee Thompson
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 106min

Sinopse: Após cumprir pena Max Cady (Robert Mitchum), um perigoso psicopata, pretende se vingar de Sam Bowden (Gregory Peck), um advogado que testemunhou decisivamente para a sua condenação. Extremamente frio e calculista, ele planeja se vingar do advogado e da sua família.

Comentário: Um excelente suspense, adoro o remake do Scorsese com o Robert De Niro, mas pra minha surpresa este se revelou superior. Não que o do Scorsese também não tenha coisas melhores que este, mas no geral esta obra é melhor, incluindo o desfecho. O filme é uma aula de suspense muito boa, Mitchum está irreconhecível no papel, talvez uma de suas melhores interpretações de toda a carreira. Gregory Peck está muito apático, não parece envolvido emocionalmente em várias cenas. O final é menos hollywoodiano que o primeiro, mas consegue deixar o espectador mais pensativo, reflexivo. A trilha sonora do Bernard Herrmann é um espetáculo a parte, ficou na minha cabeça dias (a mesma música foi utilizada no remake, porém conduzida por Bernstein, já que o Hermann já havia morrido). Adoro a Juliette Lewis, mas Lori Martin caiu melhor no papel, parece mais inocente, ingênua e indefesa. Recomendo!


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

COPACABANA PALACE

Título Original: Copacabana Palace
Diretor: Steno
Ano: 1962
País de Origem: Itália
Duração: 84min

Sinopse: Três estrangeiros desembarcam no Rio: uma princesa, que chega cheia de fantasias de passar três noites de amor tórrido com o amante que trouxe da Europa; um golpista que banca o milionário para roubar as jóias de milionários de verdade; e uma aeromoça, que quer aproveitar a escala no Rio para travar um contato mais profundo com um artista brasileiro que tinha conhecido em Lisboa: Tom Jobim!!! Todos se hospedam no Copacabana Palace.

Comentário: Um filme italiano filmado inteiramente no Brasil e que se passa durante o carnaval. Uma comédia interessante que narra três histórias desconexas sem nenhuma ligação como a própria sinopse diz. A história da aeromoça é a menos empolgante, e é a que menos se desenvolve também, me pareceu que foi uma espécie de propaganda do Brasil pra estrangeiro ver, então tinha que ter o Tom Jobim (que está novinho de tudo) e enfiaram ele na história da aeromoça. Fico imaginando a grana que o Copacabana Palace desembolsou pra fazer este filme, porque a imagem de Cartão Postal que o filme inteiro tem não pode ter sido a toa. Mesmo sendo um filme-propaganda, nada disso interfere o desenrolar do filme e da comédia que é bem leve e entretêm bem. Mylène Demongeot (que interpreta a princesa) está lindíssima, assim como disse no comentário do filme Um Amor em Roma, vou repetir aqui, não entendo como ela teve o nome gravado na história do cinema como outras grandes atrizes, tinha talento e beleza de sobra.


BOM MESMO É CARNAVAL

Título Original: Bom Mesmo é Carnaval
Diretor: J.B. Tanko
Ano: 1962
País de Origem: Brasil
Duração: 86min

Sinopse: Uma importante figura de uma pequena cidade do interior apadrinha a eleição de um 'amigo do peito' para a prefeitura. Às vésperas da eleição, vítima de uma série de manobras de seus inimigos políticos e de sua própria índole carnavalesca, é obrigado a relegar seus princípios rígidos e pactuar com a evolução política da pequena cidade.

Comentário: Como hoje é uma terça feira de carnaval os dois filmes postados serão temáticos a este feriado bem brasileiro. Uma divertida comédia com Zé Trindade, um roteiro amarrado com várias atrapalhadas que vão virando uma bola de neve. Deu pra dar boas risadas e relembrar o carnaval em uma época que era um pouco mais inocente, nos clubes com as encantadoras vedetes. Falando em vedetes, o filme até que merecia uma nota seis, mas ganhou um ponto a mais pela presença da Anilza Leoni que está belíssima e ótima no papel da professorinha que arranca suspiros da população. Uma ótima pedida pra embalar no carnaval. E uma ótima alfinetada na sociedade conservadora da época, que se chocava até se você mostrasse o umbigo.


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O CABO ARDILOSO

Título Original: Le Caporal Épinglé
Diretor: Jean Renoir
Ano: 1962
País de Origem: França
Duração: 105min

Sinopse: Três franceses planejam uma fuga de um campo de prisioneiros, em plena Segunda Grande Guerra. Enquanto a Alemanha de Hitler ocupa Paris, eles relembram histórias e planejam um futuro repleto de sonhos e esperança. Uma fábula em tom realista, onde se celebra a amizade e as coisas simples da vida.

Comentário: Último filme para o cinema do diretor Jean Renoir, famoso pelo filme A Grande Ilusão de 1937 (ele fez ainda um último trabalho pra televisão chamado O Pequeno Teatro de Jean Renoir). O filme é bom, nada de extraordinário, mas cumpre bem seu papel. Achei ele bastante repetitivo, é sempre o personagem principal bolando um plano de fuga e tentando fugir, não sai disso. Quando você acha que vai engrenar em alguma coisa, quando ele se envolve amorosamente, por exemplo, o filme não engrena, continua estático. Porém, me fez pensar, esta impotência, esta repetição e sensação do personagem dando voltas e voltando sempre ao ponto de início é exatamente o que as pessoas deveriam sentir em uma França ocupada pela Alemanha nazista. O filme portanto consegue passar o sentimento de apatia que os personagens sentem. Um filme interessante, com uma direção e produção simples e que consegue passar o que quer.


A ROTINA TEM SEU ENCANTO

Título Original: Sanma No Aji
Diretor: Yasujiro Ozu
Ano: 1962
País de Origem: Japão
Duração: 112min

Sinopse: Quando o viúvo Shuhei Hirayama, um militar que lutou na Segunda Guerra Mundial como fuzileiro naval, encontra com seu velho professor, fica sabendo que sua filha ainda não se casou porque teve que ficar cuidando do pai. Com medo de que Michiko, sua filha de 24 anos, acabe com o mesmo destino, ele começa a procurar um bom homem para se casar com ela.

Comentário: Quando assisti ao filme Fim de Verão achei que seria um ótimo filme para ser o último de uma carreira, por vários motivos e simbolismos, mas este realmente não fica atrás, a última cena filmada fecha com chave de ouro uma das carreiras mais brilhantes do cinema. É impressionante como Ozu consegue fazer um filme de quadros vivos, a câmera nunca se mexe, é estática como uma pintura. A história, se compararmos com seus dois filmes anteriores (Dia de Outono e Fim de Verão) não muda muito, gira em torno de casamento, a velhice e a busca do socialmente aceitável dentro da cultura japonesa. É tudo muito sutil, mas uma aula sobre o modo de vida no Japão no início da década de 60. Um filme parado, esteticamente perfeito, algumas pessoas reclamam que chega a dar sono, mas em uma sociedade acostumada com tiros e explosões, realmente este não é seu tipo de filme. As mudanças de personagens em determinados pontos ajuda a manter um ritmo dinâmico na história, na maioria do tempo vemos Hirayama (interpretado perfeitamente por Chishu Ryu), mas podemos ver Koichi e seus tacos de golfe, o professor e sua filha (que é de partir o coração) e coisas do cotidiano, que algumas pessoas podem achar parado demais, mas que tem sua carga poética e diálogos afiados com muita coisa nas entrelinhas.


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

LONGA JORNADA NOITE ADENTRO

Título Original: Long Day's Journey Into Night
Diretor: Sidney Lumet
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 170min

Sinopse: Nova Inglaterra, 1912, na casa de verão dos Tyrone. O patriarca da família, James Tyrone (Ralph Richardson), é um homem idoso que há muito tempo abandonou as aspirações de ser um grande ator, escolhendo viajar todos os anos apresentando a mesma peça. Sua esposa, Mary (Katharine Hepburn), se tornou viciada em morfina, com pouco ou nenhum contato com a realidade desde o nascimento do filho mais novo. O casal tem dois filhos: o mais velho, Jamie (Jason Robards), é um ator fracassado que foi "forçado" a seguir os passos do pai e assim se tornou um alcoólatra. Jamie tem inveja do talento do irmão mais novo, Edmund (Dean Stockwell), que quer ser escritor mas sua carreira pode ser abreviada por estar com tuberculose.

Comentário: Baseado na vida do autor teatral Eugene O'Neill, é pra assistir e nunca mais reclamar da sua família. O filme é longo como o próprio título já anuncia, opressivo, claustrofóbico, tenso e principalmente denso, ou seja, não é um filme fácil. Admito que foi um dos filmes mais difíceis que já assisti, não no sentido de complicado, mas porque cansa, você quer dar uma pausa e eu insisti em assistir direto pra ter essa experiência sensorial do peso que foi ficando em cima dos meus ombros, terminei e fiquei com um gosto amargo na boca. O elenco inteiro é maravilhoso, teatral e ninguém rouba a cena de ninguém, todo mundo tem seu momento pra deixar a marca no filme, mas não tem como não falar da Katharine Hepburn que está melhor do que nunca aqui, é de encher os olhos sua atuação. Dean Stockwell e Jason Robards também chamam a atenção, novinhos de tudo (Dean com as mesmas sobrancelhas inconfundíveis), sempre achei os dois grandes atores injustiçados e esquecidos. E se não elogiasse Ralph Richardson também seria sacanagem, o mais teatral de todos. Uma grande obra de Lumet, mantém o tom e o pulso firme nas cenas, consegue passar exatamente o que quer passar para o telespectador, mas como podem ver no texto, é o elenco que recebe todo o destaque nesta obra, são eles que ditam as regras ao filme e Lumet é o maestro invisível dando o tom certo o tempo todo. Não foi a toa que todo o elenco ganhou o prêmio de melhor atuação em Cannes naquele ano.


A MULHER QUE PECOU

Título Original: The L-Shaped Room
Diretor: Bryan Forbes
Ano: 1962
País de Origem: Inglaterra
Duração: 120min

Sinopse: Jane, uma jovem francesa solteira e que está grávida, vai morar num prédio no subúrbio de Londres. Mas o local é habitado por pessoas que, num primeiro momento, não agradam a moça. É quando ela conhece Toby, um jovem escritor que mora no primeiro andar. Os dois passam a se relacionar. Aos poucos, Jane começa a conviver melhor com todas as estranhas pessoas que vivem no local. O problema é que ela acha que não dará conta da criança que está chegando e pensa em abortar.

Comentário: O filme é um novelão, mas que baita novelão. Adorei, entrou para os meus favoritos. Bryan Forbes é, junto com Tony Richardson, o que havia de melhor do cinema inglês, com sutis diferenças: Tony Richardson era mais cru, mostrava o lado sujo de uma maneira impactante, já Bryan Forbes era mais lírico, pura poesia, mostrando o mesmo lado sujo de uma maneira completamente diferente. Aqui ele dá uma aula de dramaticidade com uma impressionante atuação de Leslie Caron, que lhe rendeu o Globo de Ouro de melhor atriz, ela está ótima. Tenho que confessar que o filme me emocionou, já que nasci prematuro em um começo de noite de natal, então tem o fator pessoal na hora de dar a nota. O final é ótimo, não podia ter terminado de maneira melhor pra mim. Os personagens são todos bem construídos e a história é linda, bem amarrada e ótimo diálogos. Um filme que toca muito bem no assunto do movimento feminista, que pra mim está em alta até hoje, como o machismo é uma coisa idiota e a independência das mulheres foi uma coisa complicada de ser alcançada.


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A MORTE

Título Original: La Commare Secca
Diretor: Bernardo Bertolucci
Ano: 1962
País de Origem: Itália
Duração: 90min

Sinopse: Na periferia de Roma, é encontrado o corpo de uma prostituta brutalmente assassinada. A polícia interroga uma série de suspeitos. No estilo de Rashomon, de Akira Kurosawa; conhecemos as diferentes versões de cada um deles por meio de flashbacks. Quem está contando a verdade? Com roteiro de Pier Paolo Pasolini, Bertolucci constrói um filme fascinante sobre a natureza da verdade e o processo da memória.

Comentário: Primeiro filme de Bertolucci na direção, ele não decepciona, mas apesar do filme começar muito bem achei que perdeu o ritmo da metade pro final, começa a cansar e fica arrastado. Os dois adolescentes são personagens chatos, as atitudes deles ficaram forçadas e fingidas (na minha opinião), não agiam naturalmente como o resto do elenco. No final tudo se desenrola muito fácil e rápido. Pra mim é um filme impecável até o interrogatório do homem com chinelos, depois era preciso mudar a narrativa. Apesar dos pontos negativos é um filme que merece uma atenção e não só por ser o início da direção de um grande nome do cinema, mas pelo roteiro de Pasolini também, há vários bons momentos ao longo do filme e é muito interessante a construção de vários personagens ao longo da trama.

A CIDADE DOS DESILUDIDOS

Título Original: Two Weeks In Another Town
Diretor: Vincente Minnelli
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 107min

Sinopse: Jack Andrus, um ator atormentado pelo alcoolismo e por problemas pessoais, aceita um convite para retornar ao cinema após três anos internado em uma clínica de reabilitação. Ao chegar a Roma, local das filmagens, ele se depara com uma produção cheia de problemas. Espécie de continuação de "Assim Estava Escrito", no qual Vincente Minnelli, dez anos antes deste, fazia uma dura provocação aos bastidores de Hollywood, esta obra tem como tema o amor e o ódio no universo do cinema.

Comentário: O filme é bom, mas não conseguiu me convencer, ao mesmo tempo que o diretor critica os bastidores do cinema, parece colocar panos quentes pra não pegar pesado. Kirk Douglas está bem no papel, mas o personagem dele também oscila demais entre o que quer da vida e o que está fazendo ali. Ao meu ver, o personagem de Edward G. Robinson, que faz o diretor mais velho Kruger é o único que consegue manter o personagem constante no filme. O final rápido demais estraga toda a obra que vinha sendo trabalhada até ali, deixando os conflitos individuais meio que de lado e arrumando tudo de maneira leviana e rápida demais. É um filme legal, mas ao meu ver, inferior a obras do diretor como Herança da Carne ou Essa Loira Vale Um Milhão (esta última uma comédia romântica despretensiosa muito agradável de assistir). Um filme regular, com altos e baixos, mas que só recomendo pra quem for fã do diretor ou do Kirk Douglas.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A PLATAFORMA

Título Original: La Jetée
Diretor: Chris Marker
Ano: 1962
País de Origem: França
Duração: 28min

Sinopse: O curta-metragem narra a aventura de um sobrevivente da Terceira Guerra Mundial que vive como prisioneiro nos subterrâneos de uma Paris destruída, guardando lembranças de uma infância feliz na superfície, em tempos anteriores à guerra, até que cientistas o escolhem para realizar uma experiência de viagem no tempo.

Comentário: O filme é inteiro montado em fotos, o que é muito interessante se pensarmos que fotos são fragmentos do passado e o filme é sobre viagem no tempo. O diretor realiza aqui uma obra prima do cinema mundial, de uma maneira diferente com uma história ousada. As cenas em que os médicos sussurram me arrepiaram, há apenas uma única cena em vídeo, que você quase não percebe que não se trata de uma fotografia de tão habituado que fica com a maneira que a história está se desenvolvendo. O filme serviu como inspiração para o famoso Os 12 Macacos, as semelhanças são muitas, se você já assistiu ao filme do Terry Gilliam vai associar já nos primeiros minutos. Pelos padrões brasileiros o filme é um média metragem, mas é um curta metragem pelos padrões internacionais. Obrigatório pra qualquer amante do cinema arte.


A FACA NA ÁGUA

Título Original: Nóz W Wodzie
Diretor: Roman Polanski
Ano: 1962
País de Origem: Polônia
Duração: 90min

Sinopse: Um casal quase atropela um jovem de 19 anos numa estrada e acaba oferecendo uma carona para o rapaz, convidando-o também a passar o dia velejando. A partir daí, estabelece-se uma disputa entre os dois homens, mediada pela mulher.

Comentário: Primeiro filme na direção de um grande diretor, Polanski consegue demonstrar aqui um primor técnico que ao meu ver nenhum outro diretor conseguiu em seu primeiro filme. Cada enquadramento é perfeito, o próprio Polanski diz que foi o único filme de sua carreira que ele conseguiu pensar cada quadro antes de filmas, tudo metodicamente planejado. A história é muito boa, os personagens bem construídos, a tensão e a frustração de ficar achando que nada acontece que é o grande lance do filme, porque por mais que ache que nada esta acontecendo, tudo está acontecendo e cada cena é uma construção perfeita dos eventos que estão em desenvolvimento. O final é espetacular, como tinha que ser. Jolanca Umecka arrancando suspiros em várias cenas. O filme me remeteu um pouco ao filme O Deus da Carnificina, são poucos personagens em um único ambiente onde vão se revelando aos poucos, tratando sobre os sentimentos mais primitivos do ser humano. Polanski já crava aqui sua reputação de excelente diretor em toda a história do cinema. O título foi muito bem escolhido.