quinta-feira, 28 de maio de 2015

O PAGADOR DE PROMESSAS

Título Original: O Pagador de Promessas
Diretor: Anselmo Duarte
Ano: 1962
País de Origem: Brasil
Duração: 91min

Sinopse: Zé do Burro põe-se a cumprir uma promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé haver feito sua promessa em um terreiro de macumba.

Comentário: O Glauber Rocha pode dizer que "não provoca a menor reflexão" ou o Walter Lima Jr podem fala que "a peça em que se baseia é rudimentar como construção dramática e pouco significativa no desperdício de uma boa ideia", a verdade é que pra mim parece recalque, o filme é um dos melhores nacionais sim e merece todo o prestígio que tem. Lançado durante o governo do Jango, com uma enorme crise política ocorrendo que culminou no golpe militar, O Pagador de Promessas veio pra trazer muita reflexão, sobre a igreja e religião, sobre mídia e seu papel em gerar pânico, sobre a condição humana e tantas outras coisas. Não posso dizer que me lembro de ter assistido um filme nacional melhor do que este, mas posso estar exagerando sim. Havia assistido há uns dez anos atrás, reassistir só fez eu gostar ainda mais do filme, sem querer entrar se a Palma de Ouro foi merecida ou não é um baita filme. Triste ver que o cinema nacional foi ladeira abaixo, depois do golpe de 1964, e está tentando se reconstruir até hoje. As atuações começam meio mornas, mas vão crescendo muito conforme o filme vai transcorrendo. Geraldo Del Rey faz um dos maiores filhos da puta da história do cinema. Um filme obrigatório, que não fica devendo em nada pra nenhum outro país, afinal de contas, ganhou o Palma de Ouro em cima dos O Anjo Exterminador (Buñuel), O Eclipse (Antonioni), Cléo das 5 às 7 (Varda) e Longa Jornada Noite Adentro (Lumet). Cena final mais que espetacular, e que trás uma reflexão super atual para os dias de hoje, frente a um povo tão apático como os brasileiros e aos absurdos perpetrados pela câmara dos deputados de Cunha. Até quando o povo vai ficar estagnado frente aos calvários impostos a tantos Zés que tem por aí?


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