quarta-feira, 28 de outubro de 2015

AS MÃOS SOBRE A CIDADE

Título Original: Le Mani Sulla Città
Diretor: Francesco Rosi
Ano: 1963
País de Origem: Itália
Duração; 101min

Sinopse: O desabamento de um edifício num bairro pobre de Nápoles que deixa vários feridos é o grande estopim para o início de uma ação investigativa que pretende desvendar atividades ilícitas dentro do poder público. A situação torna-se ainda mais grave, quando vem à tona que o acionista majoritário da empresa construtora contratada para desenvolver as obras que desencadearam o desabamento é o também vereador Edoardo Nottola, que é acusado de especulação imobiliária envolvendo a compra de terras públicas concedidas ilegalmente pela prefeitura.

Comentário: "...na vida política, indignação moral é uma mercadoria sem valor. Você sabe qual é o único pecado? Perder." E assim podemos ter uma ideia de como o filme é atual se compararmos com a maneira que se faz política no Brasil. A Itália de 1963 é o Brasil de 2015, uma pena, durante o filme pude ver tantos personagens que estavam representando os nossos políticos. Tem Aécio, Cunha, Renan e toda a cambada. Depois de não ter curtido muito o último filme do diretor que havia assistido (O Bandido Giuliano), este aqui foi realmente muito bom e superou todas as minhas expectativas. A especulação imobiliária parece ser um tema recorrente na Itália nesta época, em 1957 o escritor Italo Calvino publicou um livro que abordava este assunto, com este filme podemos ver como as coisas são feitas e como os políticos brasileiros fazem suas maracutaias.


O PRANTO DE UM ÍDOLO

Título Original: This Sporting Life
Diretor: Lindsay Anderson
Ano: 1963
País de Origem: Inglaterra
Duração: 134min

Sinopse: Numa partida de rugby, um jogador é duramente atingido e perde vários dentes. Numa sucessão de flashbacks, a trajetória da sua vida é mostrada, desde quando ainda era mineiro de carvão e sonhava tornar-se um profissional deste esporte. Ele consegue atingir o seu objetivo e é considerado um bom jogador, apesar de bruto e arrogante. Alcança algum sucesso financeiro e envolve-se com a viúva de quem é inquilino, mas é assediado por outras pessoas...

Comentário: Ótimo filme de Lindsay Anderson, direção sempre competente desse que é um dos maiores diretores que a Inglaterra já teve. Richard Harris, talvez em sua melhor interpretação da vida, consegue mostrar que não devia em nada para o Marlon Brando. A história é muito boa e em vários momentos lembrava um livro do John Fante, porque você consegue amar e odiar todos os personagens em diferentes momentos. Só achei que ficaram pontas soltas demais como um todo, o personagem do William Hartnell foi muito mal aproveitado. Falando em William Hartnell, foi devido ao papel dele neste filme que foi convidado para ser o primeiro Doctor Who, os executivos da série acharam que ele caia como uma luva no papel do Doutor, mas ele estava com o pé atrás para fazer a série, mas acabou sendo convencido e virou o ícone que é hoje.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

O CARRASCO

Título Original: El Verdugo
Diretor: Luis García Berlanga
Ano: 1963
País de Origem: Espanha
Duração: 87min

Sinopse: Um agente funerário se casou com a filha de um velho carrasco e, embora ele não goste muito disto, deve continuar a profissão de seu sogro depois de sua aposentadoria se quiser manter o apartamento de sua nova família.

Comentário: O filme é bem interessante, consegue misturar drama, crítica social, humor negro e romance, tudo em um filme só. José Isbert (que também brilhou na atuação de O Carrinho) mais uma vez roubando a cena sempre que aparece, o talento de Nino Manfredi fica um pouco ofuscado pelo velho veterano do cinema espanhol. Interessante a discussão sobre como as pessoas veem outras que trabalham com a morte, existe um preconceito, um ar de mistério, pois a sociedade ocidental tenta não pensar muito na morte, tenta ignorá-la e o filme acaba tratando muito sobre isto nas entrelinhas. Um ótimo filme espanhol com uma ótima direção.


DEMÊNCIA 13

Título Original: Dementia 13
Diretor: Francis Ford Coppola
Ano: 1963
País de Origem: EUA
Duração: 75min

Sinopse: O casal Haloran, Richard (Campbell) e Louise (Anders), ao lado dos filhos, cumprem, anualmente, um sinistro ritual: o de celebrar, na Irlanda, a memória de Kethleen (Dowling), a filha que, há 29 anos, morreu tragicamente. Naquele ano, no entanto, um assassino está à solta nas imediações do Castelo Haloran, levando a cabo uma terrível carnificina. 

Comentário: Primeiro longa do diretor Francis Ford Coppola, que estava trabalhando no set do filme Desafiando a Morte do diretor Roger Corman, que resolveu produzir este filme deixando Coppola usar a mesma equipe e alguns atores do seu filme, com a condição de que não atrapalhasse nas filmagens do seu. O filme tem seus momentos, mas está longe de ser uma obra prima como vários outros do diretor, na verdade o filme tem uma enorme carga de estilo do próprio Roger Corman. Há ótimas cenas, mas o filme não é constante, consegue surpreender em vários momentos, mas cair no clichê em vários outros. Acima da média, consegue divertir e cumprir bem o seu papel, a cena inicial é maravilhosa, porém o desfecho rápido deixa a desejar. O filme ia chamar Demência, porém o nome já havia sido utilizado em um filme de 1955, então Coppola decidiu acrescentar o 13 sem motivo aparente. Um trabalho um pouco amador de começo de carreira de um dos maiores diretores de todos os tempos, esperava mais, mas vale a conferida.


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO BARBA AZUL

Título Original: Landru
Diretor: Claude Chabrol
Ano: 1963
País de Origem: França
Duração: 114min

Sinopse: Filme baseado na história real de Henri Désiré Landru (1869-1922), conhecido como "Barba Azul", parisiense pai de quatro filhos que, durante a primeira guerra mundial, para sustentar sua numerosa família, seduzia, furtava e matava viúvas, que atraía por meio de anúncios românticos publicados em jornais. Entre 1914 e 1918, Landru eliminou 11 vítimas: 10 mulheres e o filho adolescente de uma delas.

Comentário: É o quarto filme que assisto de Chabrol e me pareceu um ponto fora da curva, pelo menos no que diz respeito ao estilo de narrativa do diretor. O filme em si é legal, mantém o nível de vários outros filmes do diretor, mas ainda prefiro o Entre Amigas entre todos os outros. Talvez por ser o primeiro filme colorido dele, teve horas que senti falta da direção em preto e branco que ele faz tão bem, mas há cenas maravilhosas. A narrativa do filme deixa a desejar, muitos entraves, muitas sutilezas pra um filme sanguinário, apesar de ser lindo as imagens estáticas de sorrisos durante os assassinatos, me pareceu que ficou faltando algo. Charles Denner está perfeito no papel de Landru, consegue segurar o filme quando se arrasta no ritmo, a música de Pierre Jansen também ajuda bastante.


A VIDA ÍNTIMA DE SUAS EXCELÊNCIAS

Título Original: Gli Onorevoli
Diretor: Sergio Corbucci
Ano: 1963
País de Origem: Itália
Duração: 98min

Sinopse: Comédia satírica sobre as eleições para o parlamento italiano. Bianca Sereni (Franca Valeri) é uma ex-prostituta, Antonio La Trippa (Totò) é um ex-trompetista do exército, Giuseppe Mollica (Peppino De Filippo) é um fascista do antigo regime, Rossani Braschi (Gino Cervi) é um senador sem valores e Saverio Fallopponi (Aroldo Tieri) é um comunista que se vende fácil. Todos querem uma vaga no parlamento italiano.

Comentário: Um filme despretensioso, com um ótimo elenco que segura muito bem o filme. Poderia ser bem melhor e o final é bem decepcionante, mas tem cenas ótimas. Totò está nas cenas mais engraçadas de todo o filme, impressionante como ele consegue ser o personagem que inspira mais simpatia entre todos. Uma cena bizarra conta com a participação de Pelé apoiando um dos candidatos. Os personagens poderiam se entrecruzar mais, daria mais ritmo ao filme, mas isso não acontece. É um filme de cenas engraçadas, tiradas boas, mas que não se mantém no mesmo ritmo até o final.


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A PANTERA COR-DE-ROSA

Título Original: The Pink Panther
Diretor: Blake Edwards
Ano: 1963
País de Origem: EUA
Duração: 110min

Sinopse: O hilariante Inspetor Clouseau (Peter Sellers), da polícia de Paris, precisa encontrar um ladrão de jóias que está mais perto do que ele imagina: o perigoso assaltante é amante de sua esposa, sem que ele nada perceba.

Comentário: Primeiro filme de uma série de outros realizado pela dupla Blake Edwards e Peter Sellers. O filme é bem divertido, mas vai ficando mais engraçado conforme as coisas vão acontecendo até o desfecho, a sutileza das cenas de Sellers é o que dão todo o tom do filme. O que chama a atenção é que o personagem de Sellers não seja o protagonista e sim o vilão interpretado por David Niven. O desfecho é completamente inesperado, mas tem alguns pontos que ficam muito em aberto e decepciona um pouco. O personagem animado foi criado para a introdução do filme e ganhou uma série animada infantil que foi um tremendo sucesso no ano seguinte. Claudia Cardinale e Capucine estão deslumbrantes, nada de novo isso. Disseram que a sequência (Um Tiro no Escuro) é melhor, mas ainda não assisti. Talvez o filme tenha ficado um pouco datado, mas ainda consegue divertir quando o Sellers entra em cena.


ALGUMA COISA DE OUTRO

Título Original: O Něčem Jiném
Diretora: Vera Chytilová
Ano: 1963
País de Origem: Checoslováquia
Duração: 80min

Sinopse: Num estilo documental, acompanhamos o extenuante treinamento da ginasta e medalhista olímpica Eva Bosáková para a última competição de sua carreira esportiva. Em contrapartida, há o drama da dona de casa Vera, casada com um homem que a ignora e mãe de um filho que ocupa todo seu tempo e esgota suas energias e paciência. Ambas parecem ansiar por algo mais, algo diferente.

Comentário: Depois do media metragem Saco de Pulgas, temos aqui o primeiro longa de Vera Chytilová. Confesso que demorou pro filme conseguir me fisgar, as alternâncias entre as duas personagens parece cansar no começo, mas logo passou esta primeira impressão de estranheza o filme conseguiu me prender muito bem. Interessante ver a campeã olímpica Eva Bosáková interpretando uma personagem que acaba sendo ela mesma. A parte técnica do filme é simplesmente fantástica, algumas tomadas são geniais, e quando você acha que já viu de tudo, teve uma virada de câmera que me tirou o fôlego. Excelente trilha sonora.


sábado, 3 de outubro de 2015

13 ASSASSINOS

Título Original: Jûsan-Nin No Shikaku
Diretor: Eiichi Kudô
Ano: 1963
País de Origem: Japão
Duração: 120min

Sinopse: Nos tempos do Japão feudal, um homem assassina e estupra inocentes, e ao mesmo tempo é protegido pela lei por ser irmão do Xogum. Para impedi-lo surge a força secreta dos misteriosos 13 assassinos, cada um com uma habilidade singular, dispostos a uma missão suicida para acabar com o mal.

Comentário: Não assisti ao remake de 2010 dirigido pelo Takashi Miike, portanto não farei comparações. Achei o começo muito confuso, você se perde um pouco no que está acontecendo, é só na metade do filme que consegui realmente me envolver e a história conseguiu me prender no que está acontecendo. Os personagens não são bem trabalhados, são 13 samurais e alguns poucos tem algum destaque, e mesmo os destaques que alguns têm são bem pequenos. A história é muito interessante e aborda temas muito atuais, pois nem sempre as leis favorecem os inocentes, tem como ser mais atual que isto? Acho que o filme poderia ser bem melhor do que ele é, mas não tem como negar que o filme fica muito melhor da metade pro final e tem um ótimo desfecho.

UMA VOZ NAS SOMBRAS

Título Original: Lilies On The Field
Diretor: Ralph Nelson
Ano: 1963
País de Origem: EUA
Duração: 94min

Sinopse: Homer Smith (Sidney Poitier) é um operário desempregado, que trabalha em construções. Ele pára seu carro em uma remota fazenda, devido ao superaquecimento do motor. Na propriedade rural moram freiras católicas do leste europeu. Maria (Lilia Skala), a madre superiora, acredita que ele foi mandado por Deus para ajudá-las a construir uma igreja naquela região. Apesar disto não estar em seus planos, Homer se propõe a fazer pequenas tarefas, mas gradativamente começa a ser envolvido pelas religiosas.

Comentário: Não se deixem enganar pelo pôster tosco do filme, pois é um ótimo filme, despretensioso e simples como o excelente filme anterior do diretor (Réquiem para um Lutador). A direção de Nelson é simples, sem nada elaborado, ele tenta retratar as coisas como elas realmente são e é esta simplicidade que dá o tom para o filme, a música de Jerry Goldsmith é a cereja no bolo. Gostei muito, porque pelo menos pra mim, não foi um filme que fale de racismo com o Poitier, e fico pensando como devia ser difícil pra um ator negro nesta época conseguir um papel sem ter que cair no assunto (ele atua em um papel que poderia ser de qualquer ator branco, por exemplo), mas sem o Poitier no papel o filme não seria o mesmo. O Oscar dado para ele no filme é uma faca de dois gumes: primeiro, porque não foi o melhor papel em que ele atuou (em O Sol Tornará a Brilhar ele estava bem melhor e merecia o Oscar naquela ocasião), segundo, por ser um filme em que ele atue e não tenha um foco no assunto racismo (então, dando um Oscar neste filme a Academia poderia fingir que o racismo não existia e a consciência ficava tranquila). O fato é que considero o Oscar dele uma quebra importante do tabu de só premiar atores brancos (Que praticamente existe até hoje), mas não deixou de ser um Oscar por toda sua obra que é magnífica. Mais um exemplo de péssima tradução de títulos para o português.