quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

TOTÒ BOA VIDA / TOTÒ E AS VEDETES

Título Original: Signori Si Nasce
Diretor: Mario Mattoli
Ano: 1962
País de Origem: Itália
Duração: 94min

Sinopse: O barão Ottone Spinelli degli Ulivi, mais conhecido por Zazà (Totò), apesar da sua nobre ascendência, anda sempre sem dinheiro, por causa da sua vida dissoluta, passada nos bastidores dos teatros a cortejar mulheres. Apesar das dificuldades econômicas, continua a viver pomposo em um hotel, servido pelo nunca pago Battista (Carlo Croccolo), até o dia em que precisa da ajuda do irmão (Peppino de Filippo) para não ir parar na cadeia, assim começa uma série de confusões.

Comentário: Uma boa comédia com Totò e Peppino, gosto das comédias do Mattoli dirigindo esta dupla, os melhores filmes que assisti com o Totò são do Mattoli. Minha preferida ainda é Sua Excelência Ficou Para o Jantar. O filme é simples, bem construído, as situações acontecem naturalmente sem nada forçado, sem clichês. Uma comédia atemporal, achei graça e me diverti bastante como se fosse um filme atual. É o tipo de comédia que eu gosto, com um bom roteiro onde você não precisa rir o tempo inteiro, e tem algumas situações que são reais por mais absurdas que sejam. A química entre Totò e Peppino está ótima aqui, acho que é um dos filmes em que os dois estão melhores juntos. Os personagens são bem desenvolvidos e todos acabam tendo seu espaço. Recomendo. O filme foi lançado como Totò Boa Vida no Brasil e hoje é conhecido como Totò e as Vedetes (este último acho se tratar do título lançado em Portugal).


HATARI!

Título Original: Hatari!
Diretor: Howard Hawks
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 157min

Sinopse: Sean Mercer lidera um grupo internacional de caçadores que se encontra na África no período de três meses em que essa prática está liberada. Sua intenção é capturar um grande número de animais selvagens para atender encomendas de zoológicos do mundo todo. Além do risco que corre, Sean fica contrariado quando chega uma mulher no acampamento contratada pelo zoológico de Los Angeles para documentar a captura dos animais. Dallas se mostra à vontade no lugar, e se torna conhecida dos nativos por "Momma Tembo" (Mãe dos Elefantes), por acolher alguns filhotes elefantes órfãos, que tumultuam ainda mais a vida no acampamento.

Comentário: Um grande filme de Howard Hawks com John Wayne, tentar condenar o filme pela consciência de preservação que existe hoje é um enorme erro, é a mesma coisa que tentar condenar Moby Dick pelo mesmo motivo. É o retrato de uma época, não podemos simplesmente ignorar um filme deste pela captura dos animais selvagens (e olha que aqui nem tem caçadas para abater os animais como nos livros do Hemingway), ao meu ver a literatura, o cinema e a arte como um todo tenta capturar retratos de uma época, de como a sociedade era, de como vivia, de como se comportava, este filme não deixa nem um pouco a desejar se pararmos de tentar olhar com os olhos da sociedade de hoje. John Wayne está naquele papel de sempre que lhe cabe tão bem, carismático e durão. Red Buttons consegue roubar várias cenas pra si, desenvolve muito bem o personagem no tom mais cômico do filme que é marca registrada das comédias de Hawks. Elsa Martinelli está bem, mas pro final do filme a personagem dela acaba caindo um pouco no clichê. O filme se estende demais, esta é a única coisa que pesa um pouco contra, as tomadas da direção são absurdas de boas, não consigo imaginar como o Hawks conseguiu filmar a caçada ao rinoceronte com o tipo de equipamento que tinha naquela época. Uma cena mais bonita que a outra. Um filme perfeito na parte técnica. Um dos meus filmes preferidos da parceria Hawks/Wayne, acho que só perde do Rio Vermelho.


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O SEGUNDO IRMÃO

Título Original: Nianchan
Diretor: Shohei Imamura
Ano: 1960
País de Origem: Japão
Duração: 101min

Sinopse: Um homem que trabalhava em uma mina de carvão morre deixando quatro filhos: Kiichi, Yoshiko, Koichi e Sueko. Os dois mais velhos têm de cuidar do sustento da família, fazendo o possível para que os irmãos mais jovens possam estudar, apesar da situação miserável que enfrentam.

Comentário: Não sou um grande fã dos filmes do Imamura como a maioria das pessoas que conheço que curtem filmes asiáticos. Acho os filmes dele bons, mas acho que não chegam perto do cinema de diretores como Kurosawa, Naruse, Ozu, Shindô ou Kinoshita. Este filme saiu no mesmo ano em que Todos Porcos, um dos filmes mais elogiados do diretor, mas eu confesso que preferi este. Koichi é um grande personagem, acho que o filme peca em tentar focar outros personagens como a professora ou o irmão mais velho Kiichi, pra mim é Koichi que rouba a cena e consegue levar o filme nas costas, ele emociona com sua força de vontade, com seu temperamento estourado, sua maneira de enfrentar as adversidades da vida. Koichi representa no filme o povo japonês. Sueko é de dar dó, mas é uma personagem que só funciona ao lado do irmão Koichi, a preocupação e o carinho dele com ela é realmente emocionante. A narrativa é meio caótica, poderia ser um filme mais simples como A Chegada do Outono, por exemplo, ganharia mais a atenção do telespectador. Gosto de filmes com crianças, mostrando as perspectivas delas, deve ser por isto que gosto mais deste filme do que Todos Porcos.


EDUCAÇÃO SENTIMENTAL

Título Original: Éducation Sentimentale
Diretor: Alexandre Astruc
Ano: 1962
País de Origem: França
Duração: 92min

Sinopse: Homem tímido, de cidade pequena, mais dedicado aos estudos do que aos amores, apaixona-se por uma mulher casada e de classe média. Esta, atravessa secretamente uma crise sentimental e financeira, com um marido que a trai abertamente. A intensidade com que este desejo os surpreende, desestabiliza a rotina de suas existências, atingindo todos os que estão ao redor.

Comentário: Praticamente o mesmo tema e a mesma história abordado no filme anterior de Alexandre Astruc, Sombras de um Adultério, com o detalhe de que o anterior é muito superior do que este na minha opinião. Jean-Claude Brialy é um puta ator, gosto muito dos trabalhos dele, mas aqui ele parece estar meio apagado, parece não conseguir desenvolver seu personagem como gostaria. A química entre os amantes não flui tão bem quanto poderia, ao meu ver o filme é muito travado, parece ter uma dificuldade gigante em fluir, em deixar-se levar pela história, os fatos e ações são entrecortados. A direção é competente nos enquadramentos e a fotografia é bem legal, mas é só. Não recomendo, tem outros filmes mais legais pra assistir. A cena final é a melhor do filme, consegue passar algum sentimento, mas é praticamente um plágio do filme anterior também.


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

BARRAVENTO

Título Original: Barravento
Diretor: Glauber Rocha
Ano: 1962
País de Origem: Brasil
Duração: 77min

Sinopse: Numa aldeia de pescadores de xeréu, cujos antepassados vieram da África como escravos, permanecem antigos cultos místicos ligados ao candomblé. Firmino (Antônio Pitanga) é um antigo morador, que foi para Salvador na tentativa de escapar da pobreza. Ao retornar ele sente atração por Cota (Luíza Maranhão), ao mesmo tempo em que não consegue esquecer sua antiga paixão, Naína (Lucy Carvalho), que, por sua vez, gosta de Aruã (Aldo Teixeira). Firmino encomenda um despacho contra Aruã, que não é atingido. O alvo termina sendo a própria aldeia, que passa a ser impedida de pescar.

Comentário: Um grande filme do cinema nacional, ainda hoje tem uma força tremenda, sugiro pra todos os que criticam abertamente o sistema de cotas, pois este filme mostra bem a tremenda barbárie que fizemos com os negros do nosso país, a opressão e escravismo que ainda dura por este povo brasileiro tão sofrido que está vivendo como pode por aí. Um retrato da cultura baiana e do candomblé, a superstição e devoção de uma cultura tão diferente da maioria que povoa este misto cultural que é o Brasil. O filme pode cansar em algumas partes, se estender demais em algumas cenas, mas é arte. Antônio Pitanga trabalhando mal, coitado, de todo o elenco quem chama realmente a atenção é Luíza Maranhão, que já havia brilhado em A Grande Feira, mas aqui consegue despontar ainda mais, uma das atrizes negras mais lindas que passou pelo cinema nacional e a primeira a estampar uma capa de revista em circulação nacional. O personagens são interessantes pra caramba, você consegue concordar e odiar Firmino, ter pena e dizer bem feito pra Aruã, se importar e querer ajudar Cota. Naína é a que passa mais despercebida em todo o filme na minha opinião. O filme conta ainda com a participação do grande Nelson Pereira dos Santos como editor. Era o cinema nacional dando seus primeiros passos rumo ao brilhantismo, vale a pena.


O QUE ACONTECEU COM BABY JANE?

Título Original: What Ever Happened to Baby Jane?
Diretor: Robert Aldrich
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 133min

Sinopse: Bette Davis é Jane Hudson, uma artista que alcançou a fama quando menina e ficou conhecida como "Baby Jane". Agora envelhecida e distante do público há muitos anos, vive encerrada em uma mansão com sua irmã, Blanche Hudson (Joan Crawford) desde um acidente que selou a sorte de ambas, terminou a carreira brilhante de Blanche e acelerou a decadência geral de Jane. Disposta a brilhar nos palcos novamente, Jane volta à Baby Jane, passando por cima de tudo e de todos para atingir seu objetivo. A trama surpreende e mostra que, como sempre, as aparências enganam: afinal, o que terá acontecido a Baby Jane?

Comentário: Bette Davis é definitivamente um dos grandes nomes do cinema. Desde Gloria Swanson em Crepúsculo dos Deuses eu não via uma atuação assim. Se pegarmos o papel anterior de Bette Davis em Dama Por um Dia, jamais acreditaríamos que aquela atriz tão meiga e simpática poderia interpretar o monstro que vemos neste filme. O filme é tenso, e apesar de algumas cenas exageradas demais e achar que se estende demais sem necessidade, merece a nota máxima. É um filme que precisa ser visto, Joan Crawford está ótima no filme também, mas acaba sumindo diante da atuação de Davis. A direção está excelente, o que torna este filme a obra prima de Aldrich. Um suspense perfeito de gelar a barriga, me lembrou um pouco ao filme Louca Obsessão, mas muito superior. O desfecho do filme é espetacular.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A MARCHA SOBRE ROMA

Título Original: La Marcia su Roma
Diretor: Dino Risi
Ano: 1962
País de Origem: Itália
Duração: 86min

Sinopse: A história da implantação do fascismo na Itália, desde as origens do movimento no ano de 1919, até a Marcha Sobre Roma, em Outubro de 1922. Os acontecimentos que levaram Mussolini ao poder são mostrados pelos olhos de dois deserdados da vida, Domenico Rocchetti e Umberto Gavazza e assim, com eles, entende-se a ilusão de esperança que o novo regime trazia aos italianos. Um excelente recurso para a compreensão do triunfo do movimento fascista na Itália.

Comentário: Dino Risi é um grande diretor italiano, este é o quarto filme que eu assisto dele e sou obrigado a dizer que ainda prefiro os Uma Vida Difícil e Um Amor em Roma. O grande trunfo aqui é a dinâmica entre os atores Vittorio Gassman e Ugo Tognazzi, tem horas que você começa a achar que os personagens são mal trabalhados, por ora você acha que um é o esperto e o outro é o burro e vice versa, mas só depois você entende que na verdade não tem exatamente um esperto, são dois coitados que não tem um nível de compreensão muito avançado do que estão fazendo ali. Vittorio Gassman teve sua melhor atuação no filme Sua Excelência, O Trapaceiro do mesmo diretor, mas aqui teve algumas cenas que o personagem dele ficou caricato demais, preferi o Tognazzi neste filme. Achei que não da pra se ter uma ideia muito clara do que foi o movimento fascista como o filme tenta propor, talvez até pelo assunto delicado que devia ser nesta época, o que vale mesmo é a diversão que o filme proporciona.


HOMEM ANFÍBIO

Título Original: Chelovek Amfibiya
Diretores: Vladimir Chebotaryov & Gennadiy Kazanskiy
Ano: 1962
País de Origem: Rússia
Duração: 96min

Sinopse: Baseado no romance de Alexander Belyayev, o filme tornou-se um dos mais populares títulos de ficção científica da União Soviética. Um cientista transformou seu filho em uma criatura anfíbia para curá-lo de uma doença nos pulmões. A criatura, Ictiandro, assusta os supersticiosos mergulhadores de pérolas de um país latino mítico enquanto vagueia por seu mundo subaquático. Ictiandro apaixona-se pela bela Gutiere, filha de um pescador, depois que a salva de um ataque de tubarão e estará disposto a tudo para conquistar o coração da moça.

Comentário: O filme é tosco em vários aspectos, mas consegue divertir, a primeira vez que aparece Ictiandro nadando e você pensa "Mas isto é pra ser um monstro marinho?" é impossível não cair na gargalhada. Em vários momentos pensei que se fosse um desenho e o Ictiandro fosse um príncipe, então poderia passar muito bem por uma animação da Disney, tem vários elementos que me lembraram muito os filmes da Disney do passado. O vilão, interpretado por Mikhail Kozakov, é igualzinho ao vilão Xábaras dos quadrinhos do Dylan Dog. O problema do filme é o final, tudo fica rápido e confuso, meio sem pé nem cabeça e deixa de lembrar um pouco uma animação da Disney. É um filme razoável, que dá pra assistir de boa se estiver procurando só passar o tempo e nada mais. Anastasiya Vertinskaya que interpreta Gutiere é realmente estonteante. Ser um moleque naquela época e assistir a um filme submarino assim devia ser realmente demais, nos dias atuais faltam filmes submarinos, e principalmente, faltam filmes de aventura.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O PROCESSO

Título Original: Le Procès
Diretor: Orson Welles
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 120min

Sinopse: Joseph K. (Anthony Perkins) é um homem reservado, que vive na pensão da senhora Grubach e se dá bem com todos os demais moradores do local. Um dia ele é acordado por um inspetor de polícia, que lhe informa que está preso mas não o leva sob custódia. Durante o processo Joseph segue com suas atividades normais, tendo apenas que ficar à disposição das autoridades a qualquer hora do dia. Incomodado por não saber do que está sendo acusado, ele decide investigar em busca de uma resposta.

Comentário: Primeiramente deixa eu explicar porque classifiquei o filme aqui como país de origem nos EUA, o filme foi filmado na França, Itália e Croácia (Antiga Iugoslávia) e teve produção francesa (por isso o título original é em francês), porém o diretor e o ator principal são americanos e a língua falada durante todo o filme é o inglês. Então vou deixá-lo cadastrado como um filme americano, mesmo estando meio errado e meio certo do meu ponto de vista. O Processo foi com certeza o livro mais difícil que já li, tanto por motivos pessoais quanto pelo clima claustrofóbico e opressor do livro, portanto ter a coragem de adaptá-lo pro cinema já é um grande feito. Welles conseguiu fazer um excelente trabalho em vários sentidos, a narrativa ficou muito boa, a estética do filme ficou perfeita e o clima quase chegou lá. Perkins consegue fazer um ótimo Joseph K., talvez pelas dificuldades que passou com sua homossexualidade na vida real, conseguiu passar pro personagem os problemas em entender o que está acontecendo e se sentir culpado a todo momento, a cena inicial é soberba. A última cena em que Perkins e Welles se encontram no filme é perfeita, consegue passar exatamente o tipo de sentimento que o livro te passa. Por ser um livro não finalizado de Kafka, acho que o diretor tinha um trunfo na mão de ousar mais, de se soltar para a finalização do filme, mas não foi isso que vi, achei que o final poderia ser mais aberto e surreal com a mão de Welles encabeçando o projeto. Um belo filme, mas talvez seja melhor ler o livro antes de se arriscar aqui. Pro tanto de material que o livro oferece, Welles fez milagre.


A GUERRA DOS BOTÕES

Título Original: La Guerre des Boutons
Diretor: Yves Robert
Ano: 1962
País de Origem: França
Duração: 90min

Sinopse: É o regresso das classes. Como todos os anos, os estudantes de Longeverne, liderados por Lebrac, declaram guerra aos de Velrans. Numa dessas batalhas, Lebrac tem uma ideia brilhante: arrancou todos os botões e confiscou os cintos aos presos, para que sejam castigados pelos próprios pais.

Comentário: É um filme legal, consegue envolver e divertir. É interessante como o filme consegue retratar tanto a violência na infância como também outros sentimentos bons. Toda infância é recheada de coisas boas e ruins e é esta divisão entre as duas coisas que o diretor retrata tão bem em várias cenas. Crianças são boas, mas também são cruéis. De fundo ainda podemos ver de uma forma leve uma pequena discussão sobre os valores franceses que circulam entre a liberdade, igualdade e fraternidade. Destaque para o garotinho menor do grupo dos Longeverne que atuou de maneira brilhante em todo o filme, consegue roubar as cenas em que aparece.


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A HERANÇA

Título Original: Karami-Ai
Diretor: Masaki Kobayashi
Ano: 1962
País de Origem: Japão
Duração: 108min

Sinopse: Ao ser diagnosticado com uma doença mortal, o presidente de uma companhia decide dividir sua herança com sua esposa e com seus filhos ilegítimos, os quais nunca teve contato e não sabe onde estão. Porém, seus advogados pensam em tomar o dinheiro para si de alguma forma.

Comentário: É o primeiro filme que assisto de Masaki Kobayashi e me impressionou bastante, tanto pelo roteiro intrincado e bem construído quanto pela construção dos vários personagens que aparecem ao longo da história. Dizem que este é um filme menor de Kobayashi, fico imaginando os outros então como devem ser. O grande trunfo fica para a atuação de Tatsuya Nakadai que fica grande parte do filme na cama morrendo e consegue passar comoção mesmo não sendo um santo. O final é bem interessante e faz a gente ficar pensando sobre a imoralidade de praticamente todos os personagens que aparecem durante todo o filme. Um filme que permanece atual, mesmo hoje tendo exames de DNA a intrincada relação dos seres humanos não deixa o filme cair no datado.


SOB O DOMÍNIO DO MAL

Título Original: The Manchurian Candidate
Diretor: John Frankenheimer
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 126min

Sinopse: Após retornar como herói da Guerra da Coréia, Raymond Shaw (Laurence Harvey) e seu pelotão não conseguem se lembrar direito o que aconteceu para ele ter recebido tal condecoração. Bennett Marco (Frank Sinatra) e um outro soldado começam a ter pesadelos horríveis sobre alguns acontecimentos vividos durante a guerra. Marco então pesquisa sobre a vida atual de Shaw, e descobre que segredos horríveis podem estar guardados sob a memória perdida, inclusive de que Shaw pode estar sendo manipulado pelos seus inimigos através de uma perigosa lavagem cerebral.

Comentário: Um filme fraco no geral, situações forçadas que demonstram a má elaboração do roteiro. O papel da Janet Leigh, por exemplo, é completamente supérfluo para a trama, me parece que precisavam colocar uma musa do cinema pro Sinatra pegar porque estava no contrato dele ficar com alguma beldade. Todo o relacionamento deles não tem química nenhuma, sentido nenhum. Alguns detalhes pessoais do personagem vivido por Laurence Harvey é o que salva o filme um pouquinho, mas apesar de algumas surpresas o final é extremamente previsível, já sabia como as coisas iam se desenrolar faltando quase vinte minutos pra acabar o filme. A melhor cena é a dos sonhos, brilhante! Frankenheimer é um diretor estranho, fez filmes que pra mim são uma bela porcaria e outros que são verdadeiras pérolas do cinema, este não é porcaria, mas está abaixo da média.


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

4 DIAS DE REBELIÃO

Título Original: Le 4 Giornate di Napoli
Diretor: Nanni Loy
Ano: 1962
País de Origem: Itália
Duração: 114min

Sinopse: A história da revolta popular napolitana contra a invasão germânica durante a Segunda Gerra Mundial. Por quatro dias, praticamente toda a população de Nápoles, no sul da Itália, se armou de rifles, pistolas e até mesmo pedras ou qualquer objeto que encontravam dentro de casa para enfrentar os soldados alemães.

Comentário: Um filme pra gente entender porque a sociedade atual não passa de um bando de bunda mole se comparada com a da década de 40 e 50. O filme não tem um personagem principal, e este é o grande trunfo dele, há vários personagens que representam o povo napolitano, todos com seus conflitos e com suas participações durante o conflito. Não tem como não pensar como deve ter sido para aquelas pessoas se levantar em uma insurreição contra seus opressores, é interessante como ao final do filme você fica ali sem saber o que houve realmente com todos os personagens que lhe foram apresentados, fica aquele gosto da guerra, aquele gosto da vitória misturado com o sangue da derrota de tantos outros. Um filme forte que deveria servir de lição para a sociedade narcisista e acomodada que vive hoje, que tem medo de ir para as ruas tomar bordoada de policial, pois o que os napolitanos nos ensinam aqui não tem preço, pois a liberdade é algo que precisamos comprar com sangue de tempos em tempos.


A SOLIDÃO DE UMA CORRIDA SEM FIM

Título Original: The Loneliness of the Long Distance Runner
Diretor: Tony Richardson
Ano: 1962
País de Origem: Inglaterra
Duração: 103min

Sinopse: Colin Smith (Tom Cortenay) não quer trabalhar para ninguém, pois não quer que outros tenham lucro as suas custas. Tendo como desafio assaltar uma padaria, é preso e na prisão especial para jovens delinquentes descobrem-lhe o talento de corredor de longa distância. Logo o diretor da prisão (Michael Redgrave) pretende se servir dele para ganhar o campeonato para seu estabelecimento.

Comentário: Provavelmente o meu filme preferido do Tony Richardson, acho este melhor que o Um Gosto de Mel. A condução da história utilizando flashbacks para nos contar como Colin Smith chegou até a prisão ajuda no ritmo do filme. Michael Redgrave, que é um monstro de ator, ficou pequeno frente a atuação de Tom Cortenay neste filme, sua performance consegue ser ainda melhor que o próprio filme, ele leva todo o desenvolvimento da trama nas costas. Alguns diálogos são realmente brilhantes, o retrato dos jovens que viviam nas periferias a margem da sociedade é ótima, vamos aos poucos nos afeiçoando tanto ao personagem que fica difícil não entendermos os problemas sociais que se desenrolam no Brasil nos dias de hoje. O final é o que tem de mais lindo no filme, demonstra toda a força que o filme tem. Eu me sinto um pouco Colin Smith, vivendo a margem da sociedade, se recusando a ser apenas mais um, trabalhar para enriquecer os outros e vivendo conforme as regras restritivas que nos são autoimpostas.


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ESCRAVAS DO MEDO

Título Original: Experiment in Terror
Diretor: Blake Edwards
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 123min

Sinopse: Suspense com tons de noir, Escravas do Medo é, juntamente com Vício Maldito, um ponto fora do gráfico na cinematografia de Blake Edwards, renomado por suas sofisticadas comédias. Para este filme, Edwards aperfeiçoou a elegante fotografia em branco-e-preto usada por ele na série de TV dos anos 1950 Peter Gunn. Glenn Ford interpreta um agente do FBI que investiga os planos de um psicopata que, através de extorsão, tenta forçar uma bancária (Lee Remick) a roubar o banco em que trabalha. De se notar também a trilha musical por Henri Mancini, colaborador habitual de Blake Edwards.

Comentário: Um filme relativamente desconhecido da carreira de Blake Edwards, mas até agora é o meu preferido. Um típico filme noir muito bem construído, o clima de tensão e suspense se mantém durante toda a película, não deixa a peteca cair mesmo quando começa a revelar coisas ao espectador. Os olhos enormes de Lee Remick consegue demonstrar expressões a todo momento. Glenn Ford é outro que considero injustiçado no hall da fama de Hollywood e aqui consegue desemprenhar muito bem o papel do detetive do FBI. O que chama demais a atenção é que aqui está grande parte da fonte que David Lynch bebeu para fazer Twin Peaks e outras coisas (Há relações do filme com Coração Selvagem também, Lynch o usou para a construção do personagem Bobby Peru interpretado por Willem Dafoe), a própria personagem de Remick mora em uma região chamada Twin Peaks, o vilão se chama Lynch e a excelente música de Henri Mancini lembra demais as composições de Angelo Baladamenti, mas as relações do filme com a obra televisiva lynchiana não param por aí, o ritmo do filme é bem parecido com o da série, uma investigação labiríntica onde nem todas as pistas levam ao assassino, pois muita delas acabam em um beco sem saída. Um dos melhores filmes do gênero que já assisti.


A ILHA

Título Original: A Ilha
Diretor: Walter Hugo Khouri
Ano: 1962
País de Origem: Brasil
Duração: 112min

Sinopse: Um milionário convida um grupo de amigos para um fim de semana numa ilha onde, dizia uma lenda, havia um tesouro. Mas uma tempestade leva o barco embora, e aquelas pessoas ficam isoladas do mundo. Logo elas começam a revelar sua verdadeira natureza.

Comentário: Um filme sensacional, creio que é a obra prima do Khouri. Uma pena o cinema nacional ser tão ignorado pela preservação cultural do país, consegui uma cópia horrível com o som quase inaudível, precisei ter bastante paciência e atenção para entender a maioria dos diálogos. Dizem que o filme tem bastante relação com A Aventura do Antonioni, realmente existe algumas coisas que travam um diálogo com o filme italiano, mas não acho que seja tudo isso que falam, preferi este (porém A Aventura é o filme que menos gosto do Antonioni). Achei muito bem estruturado e vários personagens são bastante interessantes no contexto do filme. Infelizmente este é o último filme de Lyris Castellani, que desapareceu fugindo do estrelado depois de sua realização, acho de longe ela a personagem mais interessante aqui, extremamente estourada, sem muito pudores, achei que poderia ter mais destaque e ser melhor trabalhada, pois cada cena com ela é de encher os olhos, conseguiu ofuscar até Eva Wilma. Restauração dos filmes nacionais antigos já!


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

VIVER A VIDA

Título Original: Vivre Sa Vie
Diretor: Jean-Luc Godard
Ano: 1962
País de Origem: França
Duração: 84min

Sinopse: “Viver a Vida” tem uma estrutura seca e compacta. É dividido em doze partes, cada uma apresentada por uma série de letreiros que resume a ação a seguir. Inicialmente vendedora de discos, Nana acaba de se separar e deixar o filho bebê com o ex-marido. Ela tem dívidas. Precisa desesperadamente de dinheiro. Pede emprestado a todos que conhece, mas não consegue nada com os conhecidos, e apela para os desconhecidos. Vai até o boulevard onde ficam as prostitutas, passeia por ali, até receber uma oferta. A prostituição vira mais do que um quebra-galho. Vira um emprego formal, que Nana encara com pragmatismo.

Comentário: Mais uma obra prima de Godard, no quesito direção talvez seja o seu melhor filme, porém no conjunto de tudo ainda prefiro seus dois filmes anteriores (Acossado e Uma Mulher é Uma Mulher). Anna Karina consegue estar mais deslumbrante do que nunca, mas o filme é denso, sufocante em alguns aspectos psicológicos. O final, ao meu ver, não me agradou muito... Me pareceu que Godard plagiou ele mesmo. O filme tem cenas deslumbrantes, close faciais com aqueles olhos enormes que dizem tudo de Anna Karina, a mesma dançando em volta da mesa de sinuca, entre tantas outras. Durante a revolução sexual dos anos 60, deve ter sido um filme importantíssimo por retratar mulheres de uma maneira inovadora até aquele momento. É um filme de encher os olhos e obrigatório, porém indico que seja assistido depois dos dois filmes anteriores do diretor.


GYPSY - EM BUSCA DE UM SONHO

Título Original: Gypsy
Diretor: Mervyn LeRoy
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 143min

Sinopse: Primeiro um sucesso literário, o livro "Gypsy, A Memoir", autobiografia de Gypsy Rose Lee, conquistou também os palcos como musical da Broadway e chegou as telas de cinema para contar a história da dançarina Gypsy Rose Lee e seus conflitos com a enérgica mãe, Mama Rose.

Comentário: O filme é muito bom, mas o que realmente chama a atenção são as atuações. Rosalind Russell está ótima, dispensa qualquer tipo de crítica, Karl Malden também me chamou bastante a atenção e Natalie Wood então... Minha Nossa Senhora da Atuação Perfeita! Se hoje existisse alguma atriz em Hollywood com metade do talento dela, teríamos filmes melhores, simplesmente arrasadora. Senti falta de situarem o filme em alguma época, você não sabe exatamente quantos anos se passa do começo ao fim do filme, em que ano estão ocorrendo os fatos, achei que interfere negativamente para o filme. Tem alguns momentos que achei que há uma quebra no ritmo, mas nada que interfira muito. É um musical muito bom, porém com algumas músicas boas e outras nem tanto. Vale a conferida.